quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ESCOLAS MUNICIPAIS DO POVOADO DE POÇOS/CAMPO FORMOSO - BA CONSTROEM A AGENDA 21 ESCOLAR

 


Durante o ano de 2011, os coordenadores das escolas da rede municipal de Campo Formoso participaram de estudos nos quais foi abordado o processo de constituição das COM-VIDAS e de construção da Agenda 21 Escolar.
A proposta de se criar COM-VIDAS vem das deliberações das Conferências Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, realizada pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Ministério da Educação. Para apoiar o fortalecimento das COM-VIDAS das escolas José da Silva Nazário, Creche Pape São João Batista e Colégio Rômulo Galvão e sua extensão (Escola Antonio João de Carvalho), dia 18 de abril de 2012 houve uma reunião onde foi decidido pela junção destas em uma única COM-VIDA, ao mesmo tempo em que deu inicio a construção da Agenda 21 Escolar destas escolas, naquele momento a reunião tornou-se um espaço dinâmico para “Cuidar do Brasil”.
A COM-VIDA atuará nas comunidades escolares mencionadas. Participam da COM-VIDA: estudantes, professores, funcionários, pessoas da comunidade, como pais, mães, monitores e alunos que fazem parte do PETI e PROJOVEM. O processo de construção da Agenda 21 Escolar ocorreu mediante a metodologia para a construção de projetos coletivos, chamada Oficina de Futuro.
A Agenda 21 será um instrumento para a COM-VIDA planejar suas atividades, fazer projetos coletivos que possam realmente transformar a realidade, aumentar o diálogo com a comunidade, e se ligar em uma proposta de Agenda global para criar conjuntamente os objetivos do grupo.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

CONHECENDO CAMPO FORMOSO

 
 
 
 

 I. HISTÓRICO 
O município de Campo Formoso tem o seu nome originado a partir da designação que os indígenas davam à região, "nupuranga", que significa "Terra Bela”.   As origens de Campo Formoso remontam ao inicio da colonização das terras do interior do Brasil colônia no séc. XII. Foi à primeira povoação que surgiu em todo Norte do estado da Bahia por força da presença dos bandeirantes baianos em busca das minas de ouro e prata, eram terras habitadas pelos índios sapoiás, paiaiás e secaquerinhéns, todos do grupo dos Quiriris que formavam a grande nação dos Tapuias.
Entre os anos 1654 e 1659 o Padre Antônio Pereira e seu irmão Garcia D`Ávila conseguem uma sesmaria, nela estava a área onde situa-se o município de Campo Formoso. A família Garcia D`Ávila ou Casa da Torre promoveu guerras, perseguições e matanças de índios e missionários, atos que proporcionaram o desaparecimento dos índios da região das Jacobinas.   Em 1655, quando os primeiros missionários chegaram ao sertão das Jacobinas encontraram mais de 80 aldeias indígenas.  A partir daí fundam missões na Jacobina Velha (Leste do município) e no Vale do Salitre. Elas eram: Missão de São Gonçalo do Salitre, Missão dos Paiaiás e Missão de São Francisco Xavier. A  Missão Paiaiá recebeu boa assistência espiritual e para a vida secular, isso contribuiu de maneira marcante para o progresso da povoação que surgiu a partir da Missão.

A situação das missões passou a ser não tranqüila em função da perseguição que a família Garcia D`Ávila promoveu contra os índios. Eram escravizados para trabalharem nas minas de extração de salitre, situadas na região de Pacuí.  Os D`Ávila apossaram-se das riquezas naturais e das melhores terras dos índios. Essa família organizou diversas campanhas contra os índios, entre elas, destaca-se a do Salitre, considerada a mais cruel e injusta, na qual foram sacrificados quase quinhentos guerreiros índios.  Em 1759, quando o Marques de Pombal conseguiu junto ao rei de Portugal um decreto que expulsou os jesuítas existentes em Portugal e suas colônias as missões das Jacobinas foram abandonadas.  Assim, devido à escravização e às guerras os índios da região das Jacobinas foram sendo progressivamente exterminados.

Em 1682, o povoado foi elevado à categoria de freguesia, pelo decreto do 1º arcebispo da Bahia, D. Gaspar Barata de Mendonça, recebendo então o nome de Freguesia Velha de Santo Antonio da Jacobina. Em 1770 a Freguesia Velha de Santo Antonio da Jacobina era a mais importante povoação da região das Jacobinas. Esse desenvolvimento alimentou o desejo da população daquela época para a elevação da freguesia para a categoria de vila, fato que veio a se consumar em 28 de julho de 1880 pela Lei Provincial nº. 2051, quando o município foi criado com território desmembrado de Vila Nova da Rainha, atual Senhor do Bonfim. A instalação do município deu-se em 22 de julho de 1883.

No século XX a sede do município foi eleva da à categoria de cidade, precisamente no dia 30 de novembro de 1938 pelo Decreto-Lei Estadual, nº. 11.089, que entrou em vigor no dia primeiro de janeiro de 1939.  
      
II. QUADRO HUMANO
  1. População
De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a população do município é de 66.616 habitantes. Sendo esta predominantemente rural. A distribuição espacial da população apresenta uma baixa densidade demográfica, media de 9,1 hab./km²Dentre as povoações do município, merecem destaque: Poços, Tiquara, Laje dos Negros, São Tomé, Brejão da Caatinga, Tuiutiba, e Caraíbas. 

2. Economia 
Campo Formoso tem na produção agropecuária a sua principal base econômica. Vários produtos se destacam em nível de produção agrícola, como a mandioca, mamona e feijão. Entre as culturas permanentes, o sisal situa-se com maior destaque.   A agricultura irrigada é também um grande potencial hortifrutifero através de inúmeros projetos no vale do Salitre, com plantio de melão, uvas, mangas, pinhas.

Uma atividade que tem se destacado é o cultivo e extração do sisal, sendo Campo Formoso o Maior pólo produtor de sisal do mundo. O município de Campo Formoso ganhou a oportunidade de também se destacar em qualidade na produção. Entretanto, a agricultura, de maneira geral é ainda rudimentar, ainda são poucos os agricultores que usam técnicas modernas. 

Em relação à pecuária o município de Campo Formoso ocupa posição de destaque nos rebanhos de bovinos e caprinos. A estes se seguem os suínos e os ovinos. As pastagens se localizam na zona de cerrados e grotas onde se destaca a criação de bovinos. Os caprinos e ovinos são criados soltos na caatinga.

Na área de extrativismo mineral o destaque é para a extração de cromo, calcário, pedras preciosas e semipreciosas. O cromo é extraído pela FERBASA na Serra da Jacobina. O calcário é usado na fabricação de cimento, esse processo é realizado pela CIMPOR, tal minério é abundante no município, sendo extraído numa jazida localizada nas proximidades do povoado de Tiquara. Além da exploração desse minério, há minas de pedras preciosas como a de Socotó da qual se extrai esmeralda, há também garimpos de citrina, ametista e cristal de rocha.

A atividade industrial em Campo formoso está concentrada na exploração mineral, alcançando assim uma posição importante na economia do município. Nesse campo destacam-se a FERBASA (Companhia de Ferro Ligas da Bahia) na exploração de cromo e a CIMPOR na exploração de calcário e fabricação de cimento.

A partir da mineração também são desenvolvidos trabalhos artesanais de excelente qualidade, sendo estes comercializados inclusive para outros estados e outros paises.    Além da exploração industrial dos minérios também são extraídas na forma de garimpagem, algumas pedras semipreciosas envolvendo um número significativo de pessoas que vivem dessa atividade.

O comércio de campo Formoso é bem desenvolvido, consta de lojas, farmácias, mercadinhos, bares, butiques, lanchonetes, lojas de material de construção, o mercado municipal, feiras livres, etc. Além do comércio varejista e atacadista destaca-se ainda o comercio de pedras preciosas e semipreciosas, oriundas dos garimpos de Socotó, Carnaíba, Cabeluda e de outros garimpos da Bahia e até de outros estados do Brasil. Essas pedras são comercializadas especialmente na “Feira do Rato” na Praça Luis Viana no centro da cidade de Campo Formoso.

No que se refere à atividade de extração vegetal, destaca-se o licuri, a extração de fibras vegetais do sisal e ainda a coleta de frutos silvestres com o umbu e o maracujá. Essa atividade permite que agricultores aumentem a renda familiar, em especial em períodos de estiagens.

3. Aspectos culturais
No que tange às atividades culturais o município de Campo Formoso tem manifestações organizadas de festas tradicionais populares e folclóricas durante todo o ano. A festa de Santo Antonio se constitui na maior festa do município, ganhando proporções regionais. Há a festa de emancipação política do município, em 28 de julho, quando ocorre a tradicional olimpíada Intercolegiais. 

As manifestações culturais são expressas através de quadrilhas juninas, reisados, roda de São Gonçalo, banda de pífanos, queima de Judas, calumbi, penitentes, pau de fita, congado, corrida de argolinha e farinhada. Existe um grupo teatral, denominado Culturart que apresenta peças teatrais e participa de atividades culturais no município. 

O artesanato está presente nos trabalhos de renda, bordados, crochê, tricô e pintura expostos em feiras livres. As esculturas em material de origem mineral têm destaque no município, sendo uma tendência natural, dada a abundancia no município. Há diversas organizações sociais, tanto na comunidade urbana quanto na rural, representando as sociedades civis e religiosas e com caráter não só comunitário, mas também legal e político.
              
4. QUADRO NATURAL DE CAMPO FORMOSO
1. Localização geográfica
O município de Campo Formoso com extensão de 7.258,574km2 está situado na Microrregião Senhor do Bonfim, Mesorregião Centro Norte da Bahia, a 401 km de Salvador, entre as coordenadas geográficas 10º30’27’ de Latitude Sul e 40º19’17 “de Longitude Oeste. Limita-se ao Norte, com o município de Juazeiro e Sobradinho; a Leste com os municípios de Senhor do Bonfim, Jaguarari e Antonio Gonçalves; a Oeste com o município de sento Sé e ao Sul, com os municípios de Mirangaba e Umburanas. A sede do município está localizada a uma altitude de 556 m em relação ao nível do mar. 
  
2. Clima
Em função de sua localização geográfica, Campo Formoso encontra-se inserido no Polígono da Secas, apresentando um clima predominantemente semi-árido especialmente na zona da caatinga onde é quente e seco, é quente apresentando chuvas concentradas no verão. O Município é muito árido, com precipitações anuais inferiores a 500 mm.  A zona das grotas e a dos tabuleiros apresenta um clima mais ameno. A zona das grotas apresenta maior incidência de chuvas, as quais concentram-se no inverno, que são bastante frios.

3. Relevo
 Todo o município é cercado de belas serras pertencentes à Chapada Diamantina. Dentre elas destacam-se a Serra da Jacobina, Serra dos Morgados, a Serra do São Francisco, a Serra do Mulato e a Serra do Angelim.  A geologia revela a existência de rochas antigas e metassedimentares da Serra da Jacobina, além de coberturas Terciárias e Quaternárias recentes em planícies aluviais dos rios. Nas áreas mais elevadas da Serra da Jacobina prevalecem solos Podzólicos que apresentam boas condições físicas e de fertilidade.
O município possui inúmeras cavernas, dentre elas destacam-se: A Gruta do Convento situa-se nas proximidades do povoado de Baixa Grande e Abreus, sua extensão é calculada em 6 km. A gruta da Toca da Onça se encontra no Povoado de Tiquara, tem grande importância cientifica, pois, no seu interior encontramos uma grande variedade de pinturas rupestres, embora em sua maioria já depredadas. A Gruta de Abreus ou do Cesário apresenta inscrições atribuídas aos índios que viviam nas suas imediações. A Gruta Icó situa-se proximidades do povoado de Caraíbas. 

 Nas proximidades do povoado de Lage dos Negros estão a Gruta da Barriguda e Toca da Boa Vista, as quais têm sido atrativas para estudiosos não somente devido à beleza, mas também devido as suas extensões e à presença de fosseis no interior dessas cavidades.

 4. Vegetação
No município predominam as formações vegetais de caatinga dos tipos arbórea, arbustiva e de aluviões distribuídas segundo as condições climáticas, o relevo e as condições hídricas. A floresta estacional decidual surge nas áreas mais úmidas, na Serra da jacobina.
Conforme a vegetação o município é dividido em três zonas distintas: a Zona da Caatinga, Zona das Grotas e zona da jacobina Nova. A Zona da Caatinga é formada por vegetação com predominância de arbustos de pequeno porte com galhos retorcidos e desfolhados. Os rios são temporários e as chuvas são escassas. A zona das Grotas é de vales e grotões férteis com rios e riachos permanentes. Está situada entre os morros que formam a serra da Jacobina. A vegetação ai é exuberante com árvores frondosas  bosques e matas. A Zona da Jacobina Nova é formada por extensos tabuleiros situados entre a Serra do São Francisco, Serra Escurial, Serra do Mulato e Rio Salitre. A vegetação ai assemelha-se à das grotas com árvores de grande porte formando matas e bosques.  A sede do município está a 600 m acima do nível do mar.

5. Hidrografia
O município é banhado por muitos rios e ribeiros, perenes e temporários, sendo estes últimos os predominantes. Na zona da caatinga os rios são temporários devido à escassez de chuvas. Na zona das grotas predominam rios e riachos permanentes.  A zona dos tabuleiros assemelha-se à das grotas com a predominância de lindos riachos e cachoeiras.
O município é drenado por duas grandes bacias hidrográficas, a Bacia do rio Itapicuru e a Bacia do rio Salitre. A Bacia do rio Itapicuru é de grande relevância para a região uma vez que a maior parte dos povoados que formam a grande área habitada do município se abastece das águas dessa bacia. Muitos dos rios e riachos da região têm suas nascentes em grotões e vales próximos à cidade. Os rios mais importantes desta bacia que cortam o município são: Rio Campo Formoso, Rio das Pedras, Rio Gia, Rio água Branca, Fio Brejo do Coelho, Rio Itapicuru Mirim, Fio Barroca. A Bacia do Salitre está interligada a bacia do São Francisco e drena a zona da caatinga e tabuleiros, abrangendo assim a área mais árida do município. São seus principais afluentes: Rio Pacui, Rio Preto, Rio da Lage, Rio Escurial, Rio Tanquinho, Riacho das Piabas, Riacho do Morim e Riacho Ventura.
     
BIBLIOGRAFIA
AULER, Augusto; et alli. As Grandes Cavernas do Brasil. Belo Horizonte: Editora Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleólogicas.
FREITAS, Edith Alves de A. & SILVA, José Freitas da. 1996. História da Freguesia Velha de Santo Antonio – Campo Formoso.
IBGE. 2010. Cidades Brasileiras. (int/ http: www.ibge.gov.br/ cidades).
PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS BACIA DO ITAPICURU/ DOCUMENTO SÍNTESE. (int/ http: www. hídricos.mg.gov/ itapicuru).
SCAPOLATEMPORE, Renato. Encontro em Dia. In Jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte. 1999.
SRH/ PEACS/ DAMICOS. 2002. Cenário Socioeconômico e Ambiental da Bacia do Alto e Médio Itapicuru, Bahia, Brasil.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

TERRITÓRIO QUILOMBOLA DE CAMPO FORMOSO




O município de Campo Formoso, situada no Centro-Norte da Bahia, possui 20 comunidades quilombolas reconhecidas pela SEPROMI – Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, conforme a tabela abaixo. 

COMUNIDADE
DATA DA PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Lage dos Negros
25/05/2005
Alagadiço de Lage dos Negros
06/12/2005
Casa Nova dos Amaros
12/05/2006
Casa Nova dos Ferreira
12/05/2006
Casa Nova dos Marinos
12/05/2006
Barrocas
07/06/2006
Bebedouro
07/06/2006
Buraco
07/06/2006
Lagoa Branca
12/05/2006
Laje de Cima
12/05/2006
Paquí
07/06/2006
Patos I
07/06/2006
Patos II
12/05/2006
Patos II
07/06/2006
Pedra
07/06/2006
Poço da Pedra
07/06/2006
Sangradouro I
07/06/2006
Sangradouro II
07/06/2006
São Tomé
07/06/2006
Saquinho
07/06/2006

A principal atividade produtiva destas comunidades é a agricultura do tipo familiar, com destaque para criação de caprinos, o cultivo do sisal e o plantio de mamona, feijão, o milho e a mandioca com expressiva produção de farinha. A comercialização da fibra de sisal é feita sem o beneficiamento, resultando em baixa rentabilidade para ambas as comunidades. É preciso registrar que essa cultura provoca muitas mutilações nos produtores rurais.

 A Comunidade de Lages dos Negros, primeira a ser reconhecido como Quilombola pela SEPROMI, distante 96 km da sede, foi fundada em meados do século XIX por um escravo negro, que conseguiu comprar uma terra de um Senhor de engenho. 
O território onde se encontra os 20 povoados quilombolas de Campo Formoso faz parte do polígono da seca, região do semi-árido do sertão nordestino. Nesta área grande parte do ano é caracterizada pela falta de chuva, onde ocorre uma estação chuvosa no fim do ano , as chamadas “chuvas de trovoadas”. A região é drenada pela Bacia do Rio Salitre, um dos afluentes do São Francisco
 
A vegetação local é composta por uma formação característica do semi-árido baiano, há também extensos tabuleiros com árvores de grande porte, ambos situados entre a Serra do São Francisco, Serra Escurial, Serra do Mulato e Rio Salitre.   
  
 A maior parte da população dessas comunidades é composta por pessoas extremamente carentes, cuja renda familiar é acrescida por recursos advindos de programas assistenciais do governo federal, pensões e aposentadorias.










domingo, 12 de agosto de 2012

CAVERNAS EM CAMPO FORMOSO



O município de Campo Formoso, localizado no Centro-Norte do Estado da Bahia, possui um grande potencial espeleológico. Suas inúmeras cavernas são estudadas por grupos de espeleólogos que fazem o reconhecimento destas através do mapeamento de salões e corredores. Vários grupos de espeleólogos já fizeram estudos em cavernas do município de Campo Formoso, destacando-se a SEE (Sociedade Excursionista e espeleológica) e a SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia). Esses dois grupos mapearam a gruta do convento, as pontes do Sumidouro e a Gruta do Cesário. 

 Sem dúvida, o grupo de espeleólogos que mais se destacou e continua em destaque é o Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas.  O Grupo Bambui é formado de profissionais de diversas áreas como engenheiros, geólogos, médicos, psicólogos, entre outros. Os componentes do Bambui misturam o amor e a emoção pela espeleologia com o cientifico.  
           
De acordo com Renato Scapolatempore em matéria publicada no Jornal Hoje em Dia de Belo Horizonte em 1999, os estudiosos já não têm duvida que, dezenas de milhares de anos atrás, no lugar da vegetação rala do sertão de Campo Formoso havia ali exuberante floresta tropical. A matéria menciona que as peças mais importantes que apóiam essa teoria são duas ossadas de macaco semelhante ao mono carvoeiro e os restos de uma preguiça gigante em final de gestação, com o feto fossilizado. Segundo Castor Cartelle, paleontólogo da Universidade de Minas Gerais, esses macacos viviam em arvores altas e não podiam ter sido arrastados pela água de muito longe. Cartelle afirma ainda que essa floresta que existia nessa zona nordestina poderia ter sido um prolongamento da Mata Atlântica.  
           
Vários fósseis já foram encontrados nas grutas de Campo Formoso, são eles: tigre dente-de-sabre, ursos, morcegos e pequenos animais carnívoros. O tigre dente-de-sabre era pouco maior que um leão, o urso era do tamanho de uma ovelha, segundo Cartelle talvez tenha sido o menor urso que já existiu no planeta. Na região viveu há cerca de 15 mil anos o lhama, um animal de clima frio. Segundo Cartelle, deve ter ocorrido um fenômeno climático há milhares de anos que fez com que o território brasileiro se tornasse um refúgio para o rigoroso frio que avançou sobre outras regiões do continente.  
           
O Grupo Bambui e Castor Cartelle encontraram um macaco conhecido como Protopithecus brasiliensis (espécie extinta) e partes de outra espécie desconhecida denominada Caipora Bambuiorum, em homenagem ao Grupo bambui. O Caipora Bambuiorum era menor que o Prothopithecus, vivia no alto das arvores e se alimentava de frutas. O Protopithecus era maior que o Mono Carvoeiro, o maior primata das Américas. 
 
A Gruta do Convento situa-se nas proximidades do povoado de Baixa Grande e Abreus, sua extensão é calculada em 6 km. A Gruta da Toca da Onça se encontra no Povoado de Tiquara, tem grande importância cientifica, pois, no seu interior encontramos uma grande variedade de pinturas rupestres, embora em sua maioria já depredadas. A Gruta de Abreus ou do Cesário apresenta inscrições atribuídas aos índios que viviam nas suas imediações. A Gruta Icó situa-se proximidades do povoado de Caraíbas. Nas proximidades do povoado de Lage dos Negros estão a Gruta da Barriguda e Toca da Boa Vista, as quais têm sido atrativas para estudiosos não somente devido à beleza, mas também devido as suas extensões e à presença de fosseis no interior dessas cavidades.
           
A Toca da Boa Vista, com mais de 120 km de galerias mapeadas até 2007, é a maior gruta do Hemisfério Sul.  É um poço árido e quente, no seu interior a temperatura oscila entre 27 e 32 graus centígrados. O lençol freático que escavou suas entranhas foi extinto a milhares de anos. A expectativa dos pesquisadores é que sua extensão real chegue aos 200 km.
           
A Toca da Boa Vista e as cavernas vizinhas não são locais agradáveis para visitas de caráter recreacional. A alta temperatura interna (27 - 29 ºC) traz desconforto à atividade de exploração, e obstáculos diversos ao longo do percurso fazem com que muitos de seus trechos mais cênicos estejam fora do alcance de leigos. No entanto, ainda que não possua atributos como rios subterrâneos e ornamentações ativas como em muitas cavernas turísticas, muitos trechos nestas cavernas podem ser considerados entre os mais espetaculares existentes em todas as cavernas brasileiras.
           
O Conduto dos Discos Voadores, na Toca da Boa Vista, é uma extensa série de salões e galerias que contém excelentes exemplos de espeleotemas subaquosos, como jangadas, cones, vulcões e marquises. Essas ocorrências incluem-se entre as mais expressivas do tipo em cavernas brasileiras. O Conduto Caatinga, na Toca da Barriguda, é profusamente ornamentado com belas espeleotemas cristalinos com destaque para as estalagmites. 

 Espeleotemas de gesso e bassanita, incluindo pequenos candelabros, ocorrem em alguns locais. Espeleotemas mais comuns, como estalactites, estalagmites e escorrimentos são abundantes em muitos trechos das cavernas. No extremo norte da Toca da Boa Vista, um rio seco, cujo leito é preenchido por calcita de cor branco-leitosa, corre por sobre um solo de argilas avermelhadas, criando um efeito visual espetacular. Depósitos de septária (gretas de contração preenchidas por calcita) ocorrem nos trechos centrais da gruta, constituindo um dos melhores exemplos no mundo deste tipo de espeleotema. Mesmo em locais onde não há ocorrência de espeleotemas, a morfologia de muitas galerias é bastante atraente. Salões abobadados e belas intercalações de chert em um dolomito de cor clara contribuem para uma morfologia de forma geral bastante interessante.
 
 A Gruta da Barriguda era denominada Gruta dos Patos. É provável que esse nome se deve ao fato de que, na área onde se encontra a cavidade existia um lago onde viviam dezenas de patos. O lago teria secado, num processo lento, em questão de três décadas. Por ocasião do Centenário de Campo Formoso, essa gruta passou a ser chamada de Gruta do Centenário, mas, devido à existência de outra gruta com esse mesmo nome, essa caverna tem hoje o nome de Gruta da Barriguda, nome esse derivado de uma barriguda que estende suas raízes na entrada da mesma, tornando assim o lugar ainda mais belo.      A Gruta da Barriguda é considerada umas das mais belas do planeta devido ao fato de possuir belas e conservadas estalactites e estalagmites. 

REFERÊNCIAS
AULER, Augusto; et alli. As Grandes Cavernas do Brasil. Belo Horizonte: Editora Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleólogicas.
FREITAS, Edith Alves de A. & SILVA, José Freitas da. 1996. História da Freguesia Velha de Santo Antonio – Campo Formoso.
SCAPOLATEMPORE, Renato. Encontro em Dia. In Jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte. 1999.