quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

POVOADOS E DISTRITOS DE CAMPO FORMOSO


I. Distrito de Poços 
 
 O Povoado de Poços foi elevado à condição de Distrito Judiciário em 21 e maio de 2008 mediante Lei de Reforma do Judiciário da Bahia, publicada no Diário Oficial do Estado no dia 23 de maio de 2008.

O inicio da povoação se deu quando caçadores encontraram no local água e terras férteis. Tais atrativos fizeram com que esses aventureiros se estabelecessem no local. Dentre eles destaca-se a figura de João Ricardo Liro que construiu a primeira casa do povoado. Outra versão diz que o primeiro morador foi o senhor João Dourado que veio do Povoado de Brejo Grande. A primeira igreja do local foi construída em 1911, assim como as demais casas daquela época era de taipa.

O nome Poços deriva de um alagadiço que se encontrava próximo a uma vereda que ligava o povoado de Caraíbas a Campo Formoso. Era denominado Poço D’Antas pelo fato de ser procurado por antas para beberem água e se refrescarem em sua lama. Naqueles momentos caçadores de Caraíbas aproveitavam a oportunidade para matá-las. Depois, passou a ser conhecido simplesmente como Poços. A quem afirme que o povoado recebeu esse nome em função da ocorrência de muitos poços nos arredores do povoado.

Naquela época a base da economia era a agricultura da mandioca, do milho e do feijão. A pecuária era voltada à criação de bovinos, suínos e aves. Produziam farinha de mandioca e azeite de mamona.  A partir de 19 de julho de 1936 a feira livre deu impulso a economia local, ao lado dela surgiu a primeira farmácia, os bares, lojas de tecidos e os primeiros depósitos de compra de mamona e licuri. Houve desânimo quanto à continuidade da feira livre, entretanto, os comerciantes locais passaram a comprar o que sobrava da mesma, permitindo assim a sua continuidade. A feira se desenvolveu, e, em 1942 foi transferida para a Praça Santos Dumont, onde permanece até hoje. Na feira vendiam-se doces, cereais, carnes e produtos agrícolas.

Os meios de transporte eram basicamente jumentos, burros e cavalos para montaria. Com o passar do tempo vieram bicicletas, símbolo do poder econômico daquela época, algum tempo mais tarde, automóveis, ônibus e caminhões. 

 O clima, a vegetação, a presença de solos férteis aliados a condições históricas favoreceram a fixação e o crescimento populacional de Poços. De acordo com o censo do IBGE, em 2010 o povoado tinha 3.753 habitantes, sendo dessa forma a maior povoação do município.  Essa população cresce a cada ano mesmo sofrendo os efeitos da emigração. Não são poucos os que deixaram a sua terra a procura de melhores condições de vida em grandes centros do Brasil, em especial a cidade de São Paulo.

 As manifestações culturais dessa localidade são a quadrilha, a vaquejada, o pau de sebo, o ramo, o reisado masculino e feminino, o bumba-meu-boi, a queima do Judas, o forró pé de serra, o saltar fogueiras, as rodas de samba, o soltar balões, as comidas típicas, entre outras. A maior parte dessas manifestações está presente na memória do povo, principalmente dos mais idosos constituindo elementos importantes para o estudo do comportamento da sociedade deste povoado. 

 A vida econômica da população baseia-se na agricultura, pecuária, prestação de serviços às empresas presentes na sede do município e nas áreas de exploração mineral. Vale salientar que boa parte dos habitantes desse povoado consiste de aposentados. Na comunidade foram fundadas algumas associações, merece destaque a Associação Comunitária de Poços. 

O Distrito de Poços situa-se nas proximidades da Serra da Jacobina a 8 km da cidade de Campo Formoso. Esta localizado nas coordenadas 10º30’16” de latitude Sul e  40º23’48” de longitude Oeste. Nas imediações do povoado  há pequenas elevações que a população local chama de morros. Circundando essas elevações há pequenos vales onde há brejos e riachos temporários. Os morros mais próximos ao povoado foram nomeados pela população local com os nomes de Morro do Salomão, Morro Antonio do Gino e Morro do Urubu.

A comunidade está numa zona denominada Zona das grotas ou Serrana, onde havia uma abundante floresta estacional decidual, vegetação arbórea densa com árvores de grande porte, talvez um prolongamento da Mata Atlântica. Essa formação vegetal foi aos poucos desaparecendo para dar lugar para a criação de gado e à agricultura de subsistência.

A Floresta Estacional Decidual é preservada em alguns fragmentos de mata presentes nos Morros. Nesses locais ainda existem exemplares de árvores de grande porte como o amargoso, a maçaranduba, o pau-ferro, o ipê roxo e amarelo, a peroba e a catuaba. Nas demais áreas há pequenos fragmentos de caatinga arbórea. Nas áreas onde ocorreram desmatamentos há um predomínio de uma vegetação herbáceo-arbustiva denominada capoeira. 

O Distrito está posicionado no granito de Campo Formoso. Os solos  apresentam boas condições físicas e de fertilidade. Próximo a comunidade, na parte ocidental da Serra de Jacobina, ocorre o Complexo Máfico-Ultramáfíco Estratiforme de Campo Formoso, conhecido por conter importantes mineralizações de cromo, as maiores da América Latina. 

O sistema hidrológico de Poços é drenado pela Bacia do Rio Itapicuru. É constituído por vários riachos que têm suas nascentes em brejos. Esses riachos deságuam no maior riacho que corta o povoado de Poços, o Riacho da Fortuna. No percurso desses há um número considerável lagoas cacimbas e pequenas barragens. Tem grande valor histórico O Poço D’Antas, A Lagoa de Poços, A Cacimba do Mendes, a Cacimba do Sacramento, a Cacimba do Tibério e a Lagoa do Rio da Ponte.

Apesar de estar inserido no Polígono das Secas do Nordeste brasileiro, Poços situa-se na região onde o clima é mais ameno com variações que vão do subúmido a seco, com os totais pluviométricos que podem atingir até 900 mm. Isso ocorre devido a influência do domínio montanhoso da Serra da Jacobina. O período mais chuvoso vai de maio a julho, quando ocorrem as chuvas de inverno. De janeiro a março acontecem às chuvas de trovoadas, período de ocorrência de trovões, relâmpagos e ventos mais fortes.

O mês mais frio é julho, enquanto os meses mais quentes são novembro, dezembro e janeiro. Os ventos têm direção predominante Sudeste durante todo o ano. Quando ocorrem chuvas de trovoadas os ventos têm direção Norte. O mês mais seco é outubro e o mais úmido é junho.

II. Povoado de Tiquara
O povoado de Tiquara situa-se a 27 km da sede do município de Campo Formoso, foi habitado por índios da tribo dos Galaches, da grande família dos Secariquequens.  É provável que o primeiro contato dos brancos com esses índios foi feito durante a exploração das jazidas de salitre descoberto em 1671 por Bento Surrel. É considerado como fundador do povoado Pedro santos, que lá chegou em 1905. No local sua mãe encontrou uma nascente de água a qual denominou de Buraco D’Água, que passou a ser o primeiro nome do povoado.  

De acordo com dados do IBGE, em 2010, o povoado tinha 2.005 habitantes. A maior parte desta sobrevive graças à cultura do sisal. Em períodos de estiagem prolongada boa parte da população procura outras áreas agrícolas do Brasil ou grandes centros urbanos para trabalharem, com isso há um decréscimo considerável na população local. 

Para reverter esta situação é necessária a implantação de projetos visando à organização dos pequenos agricultores e a melhoria das condições locais de produção e comercialização do sisal e de outros produtos agropecuários, e, conseqüentemente, melhorar as condições de vida da população envolvida nestas atividades. Com isso poderá haver redução dos índices de emigração, em face às melhores perspectivas de vida digna. 

A região de Tiquara é responsável pela maior parte da produção de sisal do mundo, porém a maior parte dos sisaleiros vive em condição de miséria. A maior parte da população é constituída de pequenos proprietários rurais, utilizam basicamente a mão-de-obra familiar no processo produtivo, sobrevivem da produção e extração da fibra do sisal, da criação de caprinos, ovinos e da agricultura de subsistência (plantio de milho, feijão e mandioca). Já os Médios e grandes proprietários rurais se dedicam à criação do gado bovino de forma extensiva e do plantio de culturas irrigadas como o tomate. 
O sisal, ou agave, é uma planta originária do México, adaptada ao semi-árido e resistente às secas, e que gera a mais importante fibra dura do mundo. É uma importante fibra dura no comércio mundial. A cultura do sisal destaca-se pela capacidade de geração de empregos, por meio de uma cadeia de serviços que abrange, desde os trabalhos de manutenção das lavouras (baseados na mão-de-obra familiar), a extração e o processamento da fibra para o beneficiamento, até as atividades de industrialização de diversos produtos, bem como seu uso para fins artesanais. 

O segmento do sisal é intensivo em de mão-de-obra em todas as fases de implantação, manutenção, colheita e desfibramento. Além do contingente de mão-de-obra diretamente ocupado na atividade sisaleira, grande número de outras pessoas é dependente dessa cultura ainda no setor primário, bem como no secundário e terciário. Pertencem a essas categorias os proprietários sitiantes, os fazendeiros que exploram o sisal, os fazendeiros administradores, os fazendeiros ausentes e os demais agentes da produção que estão nos outros setores da economia (beneficiadores, industriais e exportadores).

Em Campo Formoso as primeiras mudas de sisal chegaram em 1942, e foram plantadas próximo à gruta "Toca da Onça” em Tiquara. Daí a lavoura espalhou-se pelos campos de Brejão da Caatinga, Lagoa Branca, região do Salitre, Olhos d' Água, Belas, Lajes e toda a região de caatinga do interior do Município. Tão importante tornou-se o sisal em Campo Formoso que sua silhueta tornou-se um símbolo incorporado à bandeira do Município quando fora oficializada. 

No dia 11 de setembro de 1969, com o Decreto nº 65.138, a Cia. de Cimento do São Francisco (CISAFRA) conseguiu o direito de lavrar calcário e argila em Tiquara nos terrenos pertencentes a Júlio Carneiro de Albuquerque Maranhão Filho, Elizeu J. da Silva, José Antunes dos Santos, Artur Regis, Clovis Saback, Joaquim Benedito Gama, Francisco Gomes da Silva, Jacob da Silva,  numa área de quatrocentos e noventa e nove hectares e sessenta e dois ares (499.62ha). Hoje, se encontram em processo de lavra pela CIMPOR duas jazidas de calcário localizadas em Tiquara, com reservas potenciais estimadas em 800 milhões de toneladas de calcário. Vale salientar que a extração do calcário não gera impactos consideráveis para a economia da localidade, é pequeno o número de pessoas da comunidade contratadas para trabalhar na empresa. 

O povoado de Tiquara situa-se numa área propícia a ocorrência de cavernas. A mais conhecida no local é a Toca da Onça, localiza-se a 10º 24' 46" de latitude sul e 40º 24' 46" de longitude oeste. No seu interior há algumas pinturas rupestres que foram estudadas pelo pesquisador Carlos Ott na década de 40. Nessa gruta houve intensa exploração de salitre para fabricação de pólvora durante a 2ª guerra mundial.

Estudos recentes publicados em um artigo da Nature (MAIO/2012), uma conceituada revista científica,  dão enfoque a um pequeno invertebrado encontrado na Toca da Onça que é capaz de depositar cristais de ferro em suas asas, único caso conhecido no planeta. A descoberta foi feita pelo Prof. Rodrigo Lopes da Universidade Federal de Lavras (UFLA). O animal foi coletado numa expedição da qual fez parte o campoformosense e Biólogo André Vieira.  

O povoado se encontra na Zona da Caatinga com predominância de caatingas do tipo arbustivo-arbórea. O relevo local é predominante plano, este se eleva a leste e a oeste. No local não há rios ou riachos que mereçam destaque, sendo assim as águas são absorvidas para o lençol freático devido ao alto poder de absorção do solo por ser uma área com onde há grande ocorrência de dolinas (depressões no terreno).

 O clima do local é o Semiárido, cuja precipitação anual deve oscilar entre 500 mm e 600 mm. O período mais chuvoso vai de janeiro a março quando acontecem às chuvas de trovoadas. O mês mais frio é julho, enquanto os meses mais quentes são novembro, dezembro e janeiro. 

III. Povoado de Santo Antonio
O povoado de Santo Antonio é considerado a primeira povoação do município a ser habitado por povos não indígenas, é considerada “berço da civilização” de Campo Formoso. No local foi construída a primeira capela de Campo formoso, tempos depois a capela estava estragada e pequena demais para os fieis da região, então houve uma disputa entre dois fazendeiros sobre a nova localização da igreja. Sendo o fazendeiro de Campo Formoso mais rico conseguiu a construção para o alto do Monte Alecrim, local onde teve início a cidade de Campo Formoso. 

Santo Antonio era ponto de apoio para garimpeiros que iam à procura de ouro na Serra da Jacobina, o ouro foi explorado numa velha mineração que fica próximo ao povoado. Na localidade entrou em atividade uma das primeiras minas de cromita do Brasil, foi registrada em 1935, sob o domínio do engenheiro de minas Máximo Mancambira Montes Flores, que as deixou de herança aos filhos João Mancambira e sua irmã.  Em 1961, a Cia de Ferro Ligas da Bahia (FERBASA) arrendo a mina e logo em seguida a comprou, dando início a lavra a partir de 1962. 

De acordo com dados do IBGE, em 2010, o povoado tinha 280 habitantes. Seus moradores sobrevivem graças à agricultura, pecuária, ao comércio e a prestação de serviços às empresas que extraem o cromo.   A comunidade possui um grande potencial para a apicultura e piscicultura. Na agricultura destacam-se as culturas de milho, feijão e a mandioca.      

A comunidade está encravada numa área de grotas com um microclima peculiar, em um “pé de serra”. Essa área possui grande umidade, o que proporciona o cultivo econômico de hortaliças, verduras e frutas como manga, abacate e banana. Esses produtos têm boa aceitação dos consumidores, por serem geralmente livres de agrotóxicos e químicos em geral.

O povoado fica próximo a Serra da jacobina numa área conhecida mundialmente como “Complexo Máfico/Ultramáfico Campo Formoso”. O complexo encerra as mais importantes mineralizações de cromo conhecidas no Brasil.

No local ocorre um microclima com variações que vão do subúmido a seco, com os totais pluviométricos atingindo até 900 mm. As chuvas concentram-se no inverno, que são bastante frios.  A vegetação em alguns trechos é exuberante, composta de espécies da caatinga semi-árida e da flora serrana. A tipologia vegetal predominante é a caatinga arbustivo-arbórea com características da Floresta estacional, predominando a caatinga arbórea. A maior parte desta foi suprimida dando lugar às atividades agrárias e de mineração. 

O solo  possue boas condições físicas para o desenvolvimento de plantas, o que facilita a atividade agrícola baseada na produção de feijão, milho e mandioca. A Serra da Jacobina que margeia a comunidade possui formações rochosas que formam escarpas abruptas e vales profundos que são cortados por córregos e riachos alimentados dos afloramentos do lençol freático. 

IV. Distrito de Lage dos Negros
A comunidade de Lage dos Negros está localizada a 96 km da cidade de Campo Formoso, precisamente junto ao Rio Preto, afluente do Rio Pacui. Lage dos Negros passou a condição de distrito pela lei nº 1, de 17-02-2003. Possui uma população com mais de 2.045 habitantes na sede do Distrito, conformes dados do IBGE 2010.  A maior parte desta população é composta por pessoas extremamente carentes, cuja renda familiar é acrescida por recursos advindos de programas assistenciais do governo federal, pensões e aposentadorias. 

É uma comunidade quilombola fundada em meados do século XIX por um ex-escravo negro de nome Luiz José dos Santos, conhecido como Luisinho, que conseguiu comprar uma terra de um Senhor de engenho, denominado Misael Fagundes, morador da localidade de Gameleira. 

Muitos negros descendentes de antigos escravos vieram morar nesse local, passando a se chamar Lage dos Negros. É provável que nome da localidade venha do sobrenome de alguns dos fundadores da comunidade, tais como Maria LAGE esposa de Luiz Manoel, fundador da comunidade. 

As famílias negras ocupam o local há mais de 150 anos.  Ao longo destes, muitos moradores de Lage dos Negros venderam seus lotes para pessoas de fora da região. As transações deram origem a conflitos, tendo como motivo a demarcação das terras, muitas vezes agravados pela ausência de titulação. 

A base da economia local é a agropecuária, destacando-se a agricultura e a criação de caprinos. A atividade produtiva principal de Lage dos Negros é a agricultura de sequeiro, com o plantio de mandioca, onde é produzida muita farinha. Outras culturas presentes são feijão, milho, sisal e mamona

A comercialização da fibra de sisal é feita sem o beneficiamento, resultando em baixa rentabilidade, e é preciso registrar que essa cultura provoca muitas mutilações nos produtores rurais.  As mulheres trabalham com a palha do licuri, planta nativa da região, produzindo chapéus, vassouras e esteiras, a fim de garantir uma renda mínima para sua sobrevivência. A continuidade desta atividade é importante para a manutenção dos licurizeiros, os quais estão sendo eliminados com os constantes desmatamentos. 

A região de Lage dos Negros é contemplada com uma riqueza natural expressiva: muitas serras, com vários minérios e cavernas que constituem um sítio de grande valor científico mundial. Na região encontram-se as cavernas da Toca da Barriguda, a Toca do Calor de Cima, a Toca do Pitu, a Toca do Morrinho e a Toca da Boa Vista, considerada a maior caverna do Brasil e do hemisfério sul. Tais riquezas poderão fazer de Laje dos Negros um importante centro de turismo do município de Campo Formoso e região.

Laje dos Negros situa-se no Noroeste (NW) da cidade de Campo Formoso nos domínios da unidade geomorfológica dos planaltos cársticos da Chapada Diamantina na região semi-árida do nordeste brasileiro. A precipitação média anual no local atinge 490 mm. A vegetação é de caatinga e o solo é raso, em muitos locais recobertos por uma camada de seixos residuais. A área está incluída na bacia de drenagem do rio Salitre, um rio intermitente que deságua no rio São Francisco nos arredores de Juazeiro. 
A vegetação da região era exuberante e bastante diversificada, mas os seus recursos naturais vêm sofrendo intensa degradação há décadas, resultando no desaparecimento de grande parte da flora e da fauna. 

A região era composta por pequenos rios, a maioria deles acabou desaparecendo, restando apenas os leitos secos. Apenas na localidade de Gameleira encontram-se alguns trechos dos rios com água, o único rio perene na região é o rio Pacuí, que se origina em nascentes situadas poucos quilômetros a leste da Toca da Boa Vista.

V. Brejão da Caatinga
 É um povoado próspero e bem localizado. Fundado por Manoel Joaquim e Mariano Joaquim. Eram mascates e viajavam para Itinga da serra, atual Antonio Gonçalves. Cansados da viagem procuraram um lugar fresco para descansarem, encontraram um rio cheio de tabocas e águas escuras, era o Rio Salitre, que aflora na região formando um brejo fresco e aprazível, deu-lhe o nome de Brejão da Caatinga. Mais tarde construíram suas casas naquele local, surgindo assim o povoado de Brejão da Caatinga.

Na manhã de 4 de julho de 1929, Lampião  e seu bando assassinaram cinco militares em Brejão da Caatinga: o cabo Antônio Militão da Silva e os soldados Pedro Santana, Cecílio Benedito, Manoel Luís de França e Leocádio Francisco da Silva, ambos  partiram de Senhor do Bonfim numa diligencia policial à procura de criminosos que haviam fugido da cadeia pública de Senhor do Bonfim. Após a chacina, os militares foram enterrados numa vala comum a um quilômetro do povoado, dois dias após um comando volante desenterrou os corpos transladando os mesmos para o cemitério de Campo Formoso.

De acordo com dados do IBGE, em 2010, o povoado tinha 1.318 habitantes. A povoação situa-se a 64 km da sede do município de Campo Formoso. A agricultura é baseada nas culturas de mamona sisal, mandioca, milho e feijão de corda. Na pecuária destaca-se a criação de gado bovino, caprino e ovino. 
A comunidade encontra-se na bacia hidrográfica do rio Salitre.  O local é cercado de belas serras azuis bem distantes, é um vale plano com solos bem drenados que favorece a infiltração de água, textura franco-argilosa, rasos a moderadamente profundos. São de cor roxa e considerados os melhores solos para agricultura. A cobertura do solo é de vegetação caatinga hiperxerófila, com ocorrência de cerrado. 

 Nas áreas de calcários, a capacidade de armazenamento e circulação da água se faz por meio de canais e fendas formados pela dissolução das rochas carbonáticas. 

O Rio Salitre nasce no município de Morro do Chapéu, após entrar no município de Campo Formoso, na região de São Tomé, adentra no subsolo, tornando-se um rio subterrâneo até emergir perto de Brejão da Caatinga. 

VI. Povoado de Pacuí 
O pequeno povoado de Pacuí situa-se na margem esquerda do Rio Pacuí, afluente do Rio Salitre e subafluente do Rio São Francisco. As referências mais antigas sobre o início da povoação remontam ao século XVII, no período colonial, quando funcionavam na região fábricas de salitre. Nelas trabalhavam grande número de negros e índios sob regime de escravidão. Havia no Pacuí a Oficina Nossa Senhora da Encarnação do Rio Pacuí de propriedade da Coroa Portuguesa. 

 Os índios que habitavam o local fincaram suas aldeias à margem do rio, logo depois vieram os "brancos" para extraírem o salitre. Os primeiros habitantes da comunidade viviam do plantio de batata-doce, cana-de-açúcar e criação de animais. Depois vieram japoneses, atraídos pelas terras férteis e pela abundância de água implantaram a agricultura irrigada com plantio de melão, uvas, mangas, pinhas, tomate, cebola, pimentão, entre outros. 

 É provável que a origem do nome Pacuí venha de um peixe que existiu no rio nos tempos que os índios habitavam o local.  De acordo com o Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa de Antonio Geraldo da Cunha, o nome Pacuí vem do tupi pa ku, pacui, pacuy. Do tupi paku‟i pa‟ku+-i pequeno. Pacu é nome comum de vários peixes da família dos caracídeos. O pacu, segundo é o gênero Characinus de Artedi e o subgênero Curimata de Cuvier. Seu corpo, semelhante ao da carpa, tem 40 a 60 centímetros de comprimento, e sua carne é apreciada, sendo o pacu-vermelho considerado o melhor.

 A economia de Pacuí, diferente do período colonial não é mais voltada para a exploração mineral, e sim, para a agropecuária, destacando-se a agricultura irrigada e a criação de caprinos e ovinos. Pacuí se destaca por possuir um forte potencial para o turismo em função de suas grutas. 

Pacuí localiza-se a 92 km da cidade de Campo Formoso, entre Lage dos Negros e Abreus. É lá onde nasce o Rio Pacuí, um belo rio de águas claras e mornas. O local onde nasce esse rio é um bonito vale cheio de coqueiros. É bastante conhecido e visitado por ter suas águas totalmente cristalinas e de temperatura agradável.  

Situa-se na região semiárida do nordeste brasileiro. A precipitação média anual no local atinge 490 mm. A vegetação é de caatinga e o solo é raso, em muitos locais recobertos por uma camada de seixos residuais.  A área está incluída na bacia de drenagem do rio Salitre. O Rio Pacuí representa o ponto de descarga de um aqüífero carbonático que contém várias cavernas.

A Toca da Boa Vista maior gruta do hemisfério sul, com mais de 100 km topografados, tem sua entrada principal nas coordenadas 10º09’45”S, 40º51’35”W, situa-se a leste de Lage dos Negros, ao lado da estrada que liga este distrito a Pacuí. A Toca da Barriguda, com 32 km topografados, segunda maior do Brasil (10º08’26”S, 40º51’08”W) situa-se cerca de 2 km adiante, próxima a esta mesma estrada.  A ONG CAACTUS tem realizado em Pacuí o turismo do tipo sustentável com um projeto denominado “Guias mirins”, numa tentativa de ajudar a preservar as grutas região.

VII. Povoado de Tuiutiba
O nome da povoação era Socotó, o qual foi mudado para Tuiutiba na segunda administração do prefeito Dr. Ulisses Gonçalves (1951 – 1955). Segundo a tradição Tuiutiba provém do nome de uma índia muito bonita que fazia parte de uma aldeia indígena desta região. Acredita-se que o nome Socotó seja de uma tribo que viveu na região. Manoel Félix, Alexandre e Manoel Curandeiro construíram as primeiras casas do povoado. 

De acordo com dados do IBGE, em 2010, Tuiutiba possuía uma população de 1.584 habitantes. Seus moradores sobrevivem graças à agricultura, pecuária e ao comércio. A comunidade localiza-se numa área de grotas com um microclima peculiar, a grande umidade do clima local proporciona a produção de frutas como manga, abacate e banana. 

Em 1983 foi descoberta a mina de esmeraldas na Fazenda Piabas. O garimpo do Socotó é uma área de produção de esmeralda bruta lapidável. A lavra é subterrânea. São desenvolvidos poços verticais profundos, de onde partem galerias ou grunas, que são estreitas e irregulares, horizontais ou inclinadas, seguindo a rocha mineralizada. O desmonte é feito com a utilização de explosivos. O transporte do material até a superfície é feito com caçambas de borracha, alçadas por sarilhos manuais ou guinchos elétricos e, em alguns serviços, já utilizam elevadores de mina. O xisto mineralizado é conduzido aos lavadores, onde é feita manualmente a catação das gemas. O rejeito desta operação é geralmente revolvido em busca de esmeraldas que escaparam na seleção inicial. É um local que, se explorado de forma correta, pode ser utilizado para atividade turística.

Tuiutiba é um povoado de terras férteis, possui abundância de água e clima ameno com variações que vão do subúmido a seco, os índices pluviométricos podem atingir 900 mm. As chuvas concentram-se no inverno, e são bastante frios.  

A vegetação é exuberante com árvores frondosas e muitas matas. Nas áreas onde o relevo é mais acentuado ocorrem remanescentes de florestas estacionais que se caracterizam por vegetação arbórea densa com árvores de grande porte. A caatinga arbórea localiza-se na base da Serra da Jacobina e no seu entorno. O solo, de modo geral, possue boas condições físicas para o desenvolvimento de plantas, o que facilita a atividade agrícola baseada na produção de feijão, milho e mandioca. 

VII. Povoado de Caraíbas 
Caraíbas destaca-se pela sua grande ascensão econômica, isso se deve a intensa dedicação que seus moradores apresentam para atividades agropecuárias, comerciais e cooperativas. As principais atividades econômicas são a criação de bovinos, caprinos e a apicultura. A comunidade pertence à Bacia do Rio Itapicuru. No local há vários riachos temporários que têm suas nascentes em pequenos brejos, cacimbas e pequenas barragens, destacando-se o Açude Caraíba. O solo  de modo geral, possue boas condições físicas para o desenvolvimento da agricultura. 

A comunidade localiza-se numa área que possui um microclima que apresenta características que variam de sub-úmido a seco. O período mais chuvoso vai de maio a julho. O mês mais frio é julho, os mais quentes novembro, dezembro e janeiro. A vegetação apresenta fisionomia arbustivo-arbórea com características da Floresta estacional, predominando a caatinga arbórea. A maior parte desta foi suprimida dando lugar às atividades agrárias.

REFERÊNCIAS
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