quinta-feira, 28 de julho de 2016

CAMPO FORMOSO NA BAHIA, NO NORDESTE

O município de Campo Formoso está situado na região Centro-Norte do Estado da Bahia, a uma distância aproximada de 413 km da Capital Salvador. O acesso a partir de Salvador é feito através da rodovia BR-324 até a cidade de Feira de Santana, a partir de onde é adotada a BR-116, num pequeno trecho, onde retorna a BR-324 até a cidade de Capim Grosso, por onde se segue no sentido norte, através da BR-407 até a cidade de Senhor do Bonfim e, por fim, adota-se a BA-131 até a cidade de Antonio Gonçalves e BA 220 até Campo Formoso.

I. PAISAGEM NATURAL
As paisagens campo-formosenses são muito diferenciadas entre si. O município possui fragmentos de floresta estacional decidual nas áreas mais úmidas, caatingas arbóreas e arbustivas. Abriga Serras, vales e grotões onde nascem inúmeros pequenos rios temporários e perenes.

II. UMA REGIÃO ÁRIDA E RICA
A área territorial de Campo Formoso corresponde a 7.258,676 km2, de acordo com a estimativa do  IBGE/2015, sua população ultrapassa os 72.271 habitantes.

Apesar de estar numa área sujeita à secas periódicas possui um grande potencial econômico dado às inúmeras riquezas naturais. A economia de Campo Formoso tem como base produtiva à mineração e atividades produtivas afins, ao lado da agropecuária, a economia municipal desfruta de uma situação privilegiada em relação a outras economias da região do semi-árido, pois se beneficia além das receitas e empregos gerados pela agropecuária, daqueles gerados pelo setor industrial e dos segmentos uniformes de comercialização de pedras, de lapidação e artesanato.


A agricultura tem significativa importância no setor primário. A base produtiva da agricultura é razoavelmente diversificada. Vários produtos se destacam em nível de produção agrícola, como a mandioca, mamona, tomate e feijão. Entre as culturas permanentes o sisal situa-se com maior destaque. Também é ressaltada a produção de mel em algumas comunidades do município. Com relação à pecuária o município tem lugar de destaque na criação de caprinos. A agricultura irrigada se destaca com plantio de tomate, melão, uvas, mangas, pinhas, tomate, cebola, pimentão, entre outros. 

O setor secundário se destaca no município em função da indústria da extração e da produção de artesanato mineral. Grandes empresas do ramo da mineração estão instaladas em Campo Formoso que extraem e beneficiam minérios. Vale ressaltar que o setor secundário esta representado também por indústrias de alimentos, mecânica, metalúrgica e da construção civil.

Quanto ao setor terciário, compõe-se basicamente de número razoável de empresas de serviços e comerciais nos diversos ramos. A atividade de turismo pode ser uma opção de geração de receitas para o município, tendo em vista o numero de grutas existentes.

III. SUBDIVISÕES DE CAMPO FORMOSO
Existem várias maneiras de dividir um espaço para analisá-lo geograficamente: se levarmos em conta a interdependência entre elementos naturais como relevo, solo, clima, aguas, rochas e vegetação esse espaço constitui um domínio morfoclimático.

Dessa maneira podemos afirmar que Campo Formoso é ocupado por três domínios morfoclimáticos: Domínio das Grotas, Domínio da Caatinga e o Domínio dos Tabuleiros.

1. Domínio das Grotas
Ocupa a área montanhosa da Serra da Jacobina na parte Leste do município. Apresenta clima subúmido o que proporciona a ocorrência de manchas de floresta estacional e de inúmeros rios e riachos perenes. A cidade de Campo Formoso é cercada de grotas tais como Grota da Gia, Canavieira, Vanvana, Grota Ferreira, Grota do Juju, entre outras.

2. Domínio dos Tabuleiros
Corresponde a uma faixa de terra coberta por uma vegetação característica denominada tabuleiros, situa-se entre a Serra do São Francisco e o Vale do Salitre. Os tabuleiros apresentam vegetação alta e abundante. O clima e o volume das chuvas é um meio termo entre as chuvas escassas do domínio da caatinga e as mais frequentes do Domínio das Grotas.

O relevo é acidentado destacando-se a Serra do São Francisco que é uma ramificação da Chapada Diamantina em direção ao Rio São Francisco. Esta serra localiza-se entre os municípios de Campo Formoso e Santo Sè. É um refúgio ecológico com muitas matas, riachos e cachoeiras. A fauna e a flora são muito ricas. As chuvas concentram-se nos meses de verão. Pequenos rios são comuns, em sua maioria temporários.

3. Domínio da Caatinga  
Ocupa a parte central do município, uma vasta área com clima mais seco que as demais. A vegetação é constituída por árvores e arbustos recobertos de espinhos. 
Foto: Região árida de Campo Formoso - Zona da Caatinga/Região do Salitre
O solo normalmente é raso e cheio de pedras, as chuvas são esparsas.  O Rio Pacuí é o único rio Perene. O clima tropical semi-árido caracteriza-se por altas temperaturas e chuvas escassas.

IV. RELEVO DE ALTITUDES MODESTAS           
O relevo campo-formosense é aplainado a ondulado com altitudes entre 500 e 700 metros. Algumas áreas apresentam altitudes elevadas chegando a 800 m, representadas pelas serras sustentadas pelos quartzitos em seus topos. Essas serras são cortadas por vales e grotões onde há nascentes de vários rios.

Nos contornos da região serrana há topos arredondados que a população local chama de morros, predominando nos domínios onde afloram os granitoides, o Granito de Campo Formoso. Nesta área se destaca o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso onde se encontram rochas portadoras de mineralização de cromo.

Na zona de contato deste corpo granítico com o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso é possível observar, no setor nordeste do maciço, na região de Socotó, a presença de esmeraldas de boa qualidade que vem sendo lavradas em caráter de garimpo.
Na zona da caatinga predominam áreas planas cortadas pelo Rio Salitre e seus afluentes. São planícies aluvionares, a sua origem está relacionada ao intemperismo físico proporcionado por este rio e seus afluentes.
Na figura acima, no domínio montanhoso da Serra do São Francisco, na parte Oeste (1) destacam-se as serras do Cambão, Curral Frio, Angelim, do Mulato, e da Lage; O Vale do Salitre (2) separa a Zona dos Tabuleiros e planícies da Zona da Caatinga (3), que apresenta pequenos montes isolados e pequenas serras. Em (4) destaca-se o domínio montanhoso da parte Leste do município onde destacam-se as Serras da Jacobina, do Barro Amarelo, Mangabeira e Morgados.

V. HIDROGRAFIA
O município de Campo Formoso é drenado pelas Bacias Hidrográficas do rio Itapicuru e do rio Salitre que, faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. A maioria dos seus rios são temporários, que secam após o período das chuvas.

Os rios Rio Campo Formoso, Rio das Pedras, Rio Gia, Rio água Branca, Rio Brejo do Coelho, Rio Itapicuru Mirim e Rio Barroca são os principais rios que integram a bacia do rio Itapicuru, sendo estes rios de regime perene. Os Rios Pacui, Rio Preto, Rio da Lage, Rio Escurial, Rio Tanquinho, Riacho das Piabas, Riacho do Morim e Riacho Ventura agregam a bacia do rio Salitre.

Na Bacia do Salitre o trimestre mais chuvoso é de novembro a janeiro, enquanto o período mais seco é de junho a agosto. O clima predominante na bacia é semi-árido a árido.

VI CLIMA DE CHUVAS IRREGULARES E ESCASSAS
O clima da região é caracterizado como semi-árido a seco e subúmido, com precipitações médias anuais variando entre 700 e 900 mm e possui temperatura média anual de 24º C. A região faz parte do “Polígono das Secas” devido aos prolongados períodos de estiagem.

Devido às conformações do relevo e a ocorrência de massas de ar vindas do litoral o clima apresenta pequenas alterações climáticas. A ocorrência de chuvas é desigual.

 Variações climáticas locais são provocadas pela presença de regiões serranas (mais elevadas) e as partes aplainadas (mais rebaixadas). Nas áreas de serras, o clima é do tipo subúmido, apresentando uma pluviosidade maior que 900 mm/ano. Nas zonas de aplainamentos, com altitudes inferiores a 800 m, o tipo é seco a semi-árido com índices pluviométrico que variam de  700 a 800 mm/ano.

Na Zona das Grotas as temperaturas oscilam entre os 18° e 34° C, com verões quentes, cujos meses mais quentes são dezembro e janeiro e os mais frios entre junho e agosto, e chuvas distribuídas em todo ano, com uma maior intensidade entre novembro/janeiro e março/abril.

A Zona da Caatinga a distribuição irregular de chuvas é provocada principalmente pela influência do relevo. Devido a sua posição geográfica a Serra da Jacobina impede a passagem de ventos úmidos que vem do Oceano Atlântico para o interior do município. O clima desta zona caracteriza-se como Semiárido quente, típico de região de caatinga e do agreste, com uma estação chuvosa irregular entre os meses de outubro e abril, com temperaturas médias em torno dos 27° C, cujo mês mais quente (dezembro ou janeiro) atinge os 34° C e o mais frio (julho) 22° C e chuvas distribuídas entre os meses de novembro a março.

Quando a escassez das chuvas é muito prolongada ocorrem às secas causando grandes problemas para a agricultura e pecuária. A causa desse fenômeno está ligada as massas de ar úmidas que se desviam para o litoral e para a parte central da America do Sul. Essas secas são agravadas quando ocorre o fenômeno conhecido como El Niño: fortes massas de ar se deslocam do litoral peruano para o Brasil e bloqueiam as massas de ar frio e úmido.

VII. GRANDE VARIEDADE DE VEGETAÇÃO
No município de Campo Formoso ocorrem vários tipos de vegetação, floresta estacional, cerrado/caatinga e caatinga (arbórea e rasteira). À medida que nos dirigimos para Oeste ou Leste a vegetação é mais exuberante, na parte central onde a quantidade de chuvas é menor surge a caatinga é rala com manchas de caatinga arbórea.

A floresta estacional constitui a vegetação típica do bioma da Mata Atlântica e é caracterizada por duas estações climáticas bem marcadas uma seca e outra chuvosa. Caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbórea fechada com altura média de 15 a 25 metros e arbustiva, sendo a mais densa vegetação da área.
Foto: Fragmento de floresta estacional - Morro do Salomão/Poços
O Cerrado/Caatinga é caracterizado principalmente por apresentar uma vegetação arbustiva arbórea, com altura que varia de 4 a 12 metros, restritas aos solos areno-argilosos provenientes das rochas graníticas.

A caatinga é constituída por espécies de plantas xerófitas, espinhentas, cactáceas (cactos e bromélias) eventualmente gramíneas. Em geral variam de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte abertas a densas.

VIII. O POTENCIAL HUMANO
Campo Formoso, com mais de 72,271 habitantes, de acordo com a estimativa do  IBGE/2015, possui os seguintes aspectos populacionais:
1.1 A povoação de Campo Formoso iniciou-se no período colonial
As primeiras terras visitadas por Cabral, ao chegar ao Brasil, foram as costas do Nordeste, e algumas das primeiras cidades brasileiras foram ai fundadas.  Assim, durante os séculos XVI e XVII, o litoral e a Zona da Mata foram as regiões mais populosas e desenvolvidas do Brasil, graças ao cultivo da cana-de-açúcar.

Enquanto as terras férteis próximas da costa estavam reservadas para o cultivo da cana-de-açúcar, o Sertão nordestino, onde se encontra o município de Campo Formoso, foi povoado a partir dos Séculos XVII e XVIII, graças a criação de gado.

Os interesses pelo interior levaram os colonizadores a organizar expedições chamadas “entradas” que partiam para o interior a fim de descobrirem minérios e pedras preciosas. Muitos colonos também iam para o interior, a fim de encontrar lugares adequados onde pudessem iniciar a criação de gado.

A história conta que algumas localidades, como é o caso da cidade de Campo Formoso, surgiu graças aos padres catequistas, que iam para o interior com a missão de ensinar os índios a religião católica.

1.2 Distribuição irregular da população
De maneira geral, a população campo-formosense se concentra na zona rural. Por razões históricas, o Domínio das Grotas, onde se encontra a sede do município e as minas de cromo corresponde a parte mais populosa do município, concentrado grandes povoados e distritos do município.

Encontram-se ai áreas de alta concentração demográfica como a cidade de Campo Formoso. O Domínio da Caatinga, entretanto, abriga menor número de habitantes, enquanto o Domínio dos Tabuleiros apresenta concentração intermediária. Poços é o distrito mais populoso, seguido por Lages.

1.3 Grande mão-de-obra disponível e migrações intensas
Grande parte da população campo-formosense vive em precárias condições socioeconômicas, sobrevive graças aos recursos obtidos de programas sociais do Governo Federal. Isso ocorre porque o município, apesar de possuir abundantes recursos naturais, é pouco desenvolvido, e essas pessoas sempre encontram dificuldades para conseguir trabalho. É por esse motivo, ao qual se soma a ocorrência das secas que Campo Formoso caracteriza-se por ser um município dispersor de mão-de-obra.

Essa migração se dá não somente para as áreas industrializadas do Sul e Sudeste, mas também para as áreas agrarias do Oeste da Bahia, Sudeste e  Centro-Oeste, sempre em busca de melhores condições de sobrevivência.

Em alguns lugares do município como Caraíbas e Lagoa do Porco o campo-formosense move-se também dentro do próprio município, migrando do Domínio das Grotas para a Zona da Caatinga. No período das chuvas de inverno fixa-se na Região de Caraíbas  onde planta e cria gado. Quando as chuvas de trovoada atingem o Domínio da Caatinga, retornam a Lagoa do Porco. Esse tipo de migração periódica pode ser chamado de movimento sazonal.

IX. A ECONOMIA

1. A economia na Zona das Grotas
O cultivo de feijão, milho, mandioca e a criação de gado bovino constituem atividades econômicas importantes desta zona. O extrativismo mineral é muito importante nessa área, com destaque para a exploração de cromo.

A atividade industrial desta zona esta concentrada na exploração mineral, alcançando assim uma posição importante na economia do município. A partir da mineração também são desenvolvidos trabalhos artesanais de excelente qualidade.

2. A economia da Zona dos Tabuleiros
Nos Tabuleiros predominam pequenas propriedades onde predomina a agricultura familiar. Pequenas lavouras associadas a criação de caprinos e bovinos fornecem sustento as famílias, cultiva-se milho, feijão, mandioca e sisal. A agricultura irrigada é um grande potencial no Vale do Salitre, com plantio de tomate, cebola, pimentão e frutas.

3. A economia da Zona da Caatinga
A área da Caatinga é a mais castigada  pelas adversidades do clima, as chuvas acontecem apenas no verão, são denominadas de trovoadas. Quando as secas são mais drásticas os habitantes são submetidos a limites mínimos de nutrição e resistência. Nas ultimas décadas as condições de sobrevivência da população tem melhorado, mesmo que de forma tímida, em função da perfuração de poços tubulares, construção de cisternas e a ampliação de redes de energia elétrica.

Desde os tempos coloniais a pecuária é a atividade econômica mais importante da Zona da Caatinga, e criam-se principalmente bovinos e caprinos. As condições do meio ambiente dificultam a atividade agrícola, mas permitem a prática de uma pecuária do tipo extensivo com o gado solto em meio à caatinga.

Apesar das adversidades do clima, a agricultura é outra atividade importante, nesta zona “plantar é uma questão de fé”. No entanto, as perspectivas de produção agrícola têm melhorado com a introdução de tecnologias que permitem o cultivo com sucesso mesmo em anos de secas mais drásticas.

O extrativismo vegetal é realizado principalmente com o aproveitamento do umbu e de fibras vegetais, o extrativismo mineral ocorre em minas de cristal de rocha, mármore e calcário.

A deficiência de transportes é um dos maiores entraves ao desenvolvimento da Zona da Caatinga, as estradas não apresentam boas condições de tráfego, sendo que a situação se agrava no período das chuvas, ficam praticamente intransitáveis.

X. PORQUE A SECA CAUSA TANTOS PROBLEMAS AO MUNICÍPIO DE CAMPO FORMOSO
A seca não é o problema mais grave de Campo Formoso. Embora haja no planeta outras áreas com problemas idênticos, há também regiões que apesar de muito áridas, contam com excelente produção agrícola.
Foto: Catavento para extração de água subterrânea
Então, a seca apenas agrava os problemas socioeconômicos já existentes. Para resolver os problemas é preciso buscar suas causas e aplicar planos para diminuí-la.

O desenvolvimento do município de Campo Formoso é dificultado por alguns fatores. Os principais são mão-de-obra em geral com baixa qualificação, falta de uma infraestrutura eficiente e baixo poder aquisitivo de seus habitantes.

Mas a causa número um que impede o desenvolvimento de Campo Formoso é a má distribuição de renda e das terras agrícolas: de um lado, grandes fazendas, pertencentes a poucos proprietários; de outro, muitos lavradores sem terra, que sobrevivem em condições precárias, principalmente quando a seca é prolongada.

Diante disso, é preciso que haja uma distribuição de terras mais justa; oferecer ao agricultor orientação especializada, condições de plantio e oportunidades para irrigar suas propriedades. Além disso, é necessário fornecer condições eficazes para escoar e garantir preços justos para sua produção.

REFERÊNCIAS
Nápravník, Leonardo Aquino Pires. Características geoquímicas, petrográficas e metalogenéticas dos flogopititos de carnaíba e Socotó Universidade Federal da Bahia Instituto de Geociências. Bahia. Salvador 2011.

Brito, Verônica Santos. Vulnerabilidade natural à contaminação de Aquíferos no município de Campo Formoso – Bahia. Universidade federal da bahia. Instituto de geociências. Curso de geologia. Salvador, 2013

FREITAS, Edith Alves de A.; SILVA, José Freitas da. História da Freguesia Velha de Santo Antônio Campo Formoso. 2. ed. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2004.

RAIMUNDO, Almeida Filho**, Francisco J. F. Ferreira** , Francisco V. Da Silva** & Paulo Veneziani*.Contribuição Ao Estudo Do Complexo Máfico/Ultramáfico De Campo Formoso Usando Sensoriamento Remoto E Dados Aeromagnéticos. Revista Brasileira de Geociências. junho de 1999. Disponível em: http://sbgeo.org.br/pub_sbg/rbg/vol29_down/2902/2902203.pdf. Acesso em 24 de dezembro de 2012.


SEBRAE. Plano de Desenvolvimento Municipal – Campo Formoso. Envelope & Cia, Salvador, 1998.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

MARACUJÁ DE BOI (Passiflora Cincinata)

 
Nas áreas de floresta estacional, cerrados e caatingas campoformosenses encontrarmos um fruto com casca esverdeada e polpa branca, onde se escondem dezenas de sementes. A esse fruto damos o nome de Maracujá de boi. Ele é amplamente conhecido por Maracujá da caatinga (Passiflora cincinnata) e ainda como Maracujá-mochila, Maracujá do Mato e Maracujá-tubarão.

A planta que o produz é de natureza perene e resistente à seca, sobrevivendo em condições de absoluta estiagem. Pertence à família Passifloraceae e apresenta ampla distribuição na América do Sul, sendo registrada do leste do Brasil até o oeste da Bolívia, ocorrendo em principalmente na caatinga, mas também encontrada em floresta estacional e cerrado.

A fruta tem alto valor nutritivo, de efeito calmante e relaxante. O fruto é extremamente saboroso e perfumado. É uma rica fonte de potássio, ferro, fósforo, cálcio e vitaminas A, C e do complexo B. A combinação de nutrição com sabor e aroma fazem do maracujá de boi matéria-prima para produção de produtos como sucos, polpas, geleias e sorvetes.

Trepadeira alta subarbustiva volúvel, medindo de 2 a 12m comprimento; ramos cilíndricos ou subangulosos, 0,5-1 cm de largura, glabro, com gavinhas espiraladas estriados, com estípulas filiformes, persistentes. Folhas simples, alternas; lâmina 5-10 x 2-4 cm, elíptica a oval-elíptica, cartácea, 3-5-palmada; pecíolo cilíndrico, 1-5 cm de comprimento, com 2 glândulas nectaríferas basais. Inflorescências axilares, solitárias. 

Possui flores vistosas, monoclinas pentâmeras; cálice actinomorfo, sépalas livres, oblongas a lanceoladas, 2,5-3 cm comprimento; corola actinomorfa, púrpura a roséa, pétalas livres, oblongo- lanceoladas, 3,54 cm comprimento, com uma corona de filamentos, multisseriada, cerúlea, rósea a púrpura. Fruto baga, ovóide, 5-6 x 3-4 cm. Sementes inúmeras, ovais, foveoladas, negras, medindo 6 x 3 mm. 

Por apresentar floração praticamente ao longo de todo o ano, esta espécie pode ser considerada como uma fonte constante de néctar e pólen para as abelhas da Caatinga. Suas flores são visitadas frequentemente por abelhas, vespas, mariposas e beija-flores.

REFERENCIAS
SLOW FOOD BRASIL. Maracujá da Caatinga. Disponível em: http://www.slowfoodbrasil.com/arca-do-gosto/produtos-do-brasil/440-maracuja-da-caatinga. Acesso em 20 de Junho de 2016.
CERRATINGA. Maracujá da Caatinga. Disponível em:  http://www.cerratinga.org.br/maracujadacaatinga/. Acesso em 20 de Junho de 2016.
NATUREZA BELA. Maracujá do Mato - Passiflora cincinnata. Disponível em:  http://belezadacaatinga.blogspot.com.br/2014/01/maracuja-do-mato-passiflora-cincinnata.html. Acesso em 20 de Junho de 2016.