Os resíduos sólidos, popularmente conhecidos
como lixo, caracterizam-se em um problema de ordem socioambiental. São resultantes
das atividades do homem e dos animais e descartados ou considerados como
imprestáveis e indesejáveis. A sua geração se dá, inicialmente, pelo
aproveitamento das matérias-primas, e no consumo e disposição final. A ausência de
destinação e/ou tratamento adequado desses materiais ocasionam impactos
negativos ao meio ambiente, aumentado a
poluição do ar, das águas, do solo e das florestas, piorando as condições de
saúde humana e dos ecossistemas existentes. Tal problema deve ser enfrentado a partir da gestão compartilhada (PGIRS – RIO NEGRO/PR, 2008).
O gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos é, em síntese, o envolvimento de
diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito
de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do
lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o asseio da
cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o
volume e os tipos de resíduos – para a eles ser dado tratamento diferenciado e
disposição final técnica e ambientalmente corretas –, as características
sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas,
climáticas e urbanísticas locais (IBAM,
2001).
A gestão compartilhada municipal pressupõe
a articulação das várias secretarias, departamentos ou divisões dentro da
própria prefeitura. Cuidar do lixo, em um contexto de manutenção da qualidade
ambiental é tarefa não só do setor de Meio Ambiente, mas também da Saúde, da
Promoção Social, da Educação, da Cultura, de Obras, enfim, de toda
administração municipal (PRESS/ São Sebastião – SP, 2006).
O gerenciamento integrado focaliza com mais
nitidez os objetivos importantes da questão, que é a elevação da urbanidade em
um contexto mais nobre para a vivência da população, onde haja manifestações de
afeto à cidade e participação efetiva da comunidade no sistema, sensibilizada a
não sujar as ruas, a reduzir o descarte, a reaproveitar os materiais e
reciclá-los antes de encaminhá-los ao lixo. A conseqüência direta dessa
participação traduz-se na redução da geração de lixo, na manutenção dos
logradouros limpos, no acondicionamento e disposição para a coleta, e, como
resultado final, em operações dos serviços menos onerosas (IBAM, 2001).
2. CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA PÚBLICA
EM CAMPO FORMOSO
No Brasil, o serviço sistemático de limpeza
urbana foi iniciado oficialmente em 25 de novembro de 1880, na cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império. Nesse dia, o imperador
D. Pedro II assinou o Decreto nº 3024, aprovando o contrato de "limpeza e
irrigação" da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por
Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje
se denomina os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.
Dos tempos imperiais aos dias atuais, os serviços de limpeza urbana vivenciaram
momentos bons e ruins. Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se
apresenta em cada cidade brasileira de forma diversa, prevalecendo, entretanto,
uma situação nada alentadora (IBAM, 2001).
A Constituição Federal, nos Incisos VI e IX
do art. 23, estabelece ser competência comum da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer das suas formas, bem como promover programas de construção de moradias
e a melhoria do saneamento básico; Já os
incisos I e V do art. 30 estabelecem como atribuição municipal legislar sobre
assuntos de interesse local, especialmente quanto à organização dos seus serviços
públicos, como é o caso da limpeza urbana (IBAM,
2001).
No município de Campo
Formoso, a geração de resíduos domésticos e públicos
é de aproximadamente 1000 toneladas/mês, contabilizando todos os resíduos coletados
pela coleta convencional. A coleta, transporte e disposição final dos resíduos
domésticos são terceirizados. O destino final dos resíduos ocorre em um lixão situado
próximo a comunidade de Mandacaru, na região de Caraíbas.Quanto aos resíduos de
serviço de saúde, são coletados e transportados pela mesma empresa responsável
pela coleta convencional. A empresa terceirizada também executa os serviços de
limpeza pública. Os serviços abrangidos pelo contrato de limpeza pública são:
Coleta e transporte de lixo domiciliar, comercial, de varrição e feiras livres;
Coleta, transporte e descarga de resíduos dos serviços de saúde - RSS; Coleta
de entulho; Pintura de Meio Fio; Coleta e transporte de resíduos de poda e
eliminação de árvores (PMCF, 2011).
A prefeitura de Campo
Formoso não possui oficialmente coleta seletiva
municipal. Os resíduos recicláveis são coletados por catadores autônomos que
não possui qualquer vinculo com cooperativas ou associações. Os resíduos industriais são
de responsabilidade dos seus respectivos geradores.
A situação atual dos serviços de
limpeza pública existentes no município de Campo Formoso está apresentada nos itens a seguir, os quais descrevem o
diagnóstico de cada serviço existente no município.
a) Resíduos sólidos domésticos e comerciais –
Coleta convencional
No município de
Campo Formoso, o serviço de coleta de resíduos domésticos e comercias (coleta
convencional) atende toda a área urbana e 18 localidades do interior do
município: Lage dos Negros, Pacuí,
Curral Velho, Araras, Brejão da Caatinga, São Tomé, Tiquara, Tuiutiba,
Puxadeira, Curral da Ponta, Vanvana, Caraíbas, Lagoa da Roça, Poços, Torrões,
Santo Antonio, Brejo Grande e Limoeiro. Nas 18 comunidades
mencionadas a empresa terceirizada atua apenas na execução da limpeza pública,
o serviço de coleta nestas é realizado pela prefeitura (PMCF,
2011).
A Prefeitura Municipal de Campo Formoso tem
sido notificada pelo Ministério Público, pois o destino final dos resíduos sólidos do município não se
enquadra nos parâmetros exigidos pelo órgão ambiental estadual. Estes têm
cobrado a apresentação de um projeto para a implantação de um aterro
simplificado e a recuperação do “lixão” (MP/CEAMA, 2006).
b) Itinerário e Freqüência de Coleta dos
Resíduos Domésticos
As rotas e freqüência de coleta dos resíduos
domésticos na cidade de Campo Formoso foram definidas
pela prefeitura municipal. Caminhões compactadores realizam a coleta de
resíduos na cidade. No interior, zona rural do município, o serviço de
coleta é mantido pela prefeitura que tem disponível para tanto, um caminhão compactador
e outros carros contratados para atender os maiores povoados e localidades
circunvizinhas, vale salientar que o município possui 168 povoados (PMCF, 2011).
Na cidade de Campo Formoso, os resíduos
domésticos e comerciais costumeiramente ficam acondicionados em sacos plásticos
e dispostos em frente às residências ou comércio, disposição realizada de
maneira incorreta. No centro da cidade e nas praças centrais, encontram-se algumas
lixeiras dispostas em pontos estratégicos, onde ocorre a maior circulação de
pessoas.
c) Transporte dos Resíduos Domésticos
Para o transporte dos resíduos domésticos da
cidade de Campo Formoso, a empresa terceirizada dispõe
de caminhões compactadores. No serviço de coleta de resíduos sólidos, trabalham
equipes com composição variável de acordo com o turno. O
primeiro turno atende os bairros. Já o segundo turno atende a região central da
cidade (PMCF, 2011).
d) Histórico da Destinação
Final dos Resíduos Domésticos
Os resíduos sólidos da cidade, a
princípio, eram depositados nas proximidades do Bairro Campo de aviação, no
povoado de Lagoa Rasa Lagoa Rasa e depois passaram a ser depositados numa cava
proveniente da extração de areia na comunidade de Tombão. Nos dias de hoje
(2011) os resíduos domésticos e públicos coletados em Campo Formoso e povoados
circunvizinhos são conduzidos ao lixão do Mandacaru, num total aproximado de 48
a 50 toneladas diárias (PMCF, 2011).
3. COLETA SELETIVA MUNICIPAL
No município de Campo Formoso não
existe coleta regular de materiais recicláveis feita pela prefeitura. Esta
atividade é realizada por catadores que se instalam no lixão, que sobrevivem da
separação e comercialização dos materiais recicláveis presentes no lixão do
Mandacaru. Essas pessoas trabalham em condições extremamente precárias,
sujeitas a todo tipo de contaminação e doenças. Esses catadores vivem à margem
de todos os direitos sociais e trabalhistas, excluídos da maior parte da
riqueza que o mercado de reciclagem movimenta e produz. O que se produz é
comercializado ali mesmo no lixão. Na cidade de Campo Formoso e em alguns
povoados alguns carrinheiros se dedicam a coleta de alguns recicláveis,
especialmente papelão.
No município não há empresas
credenciadas para a compra de recicláveis. Os materiais arrecadados são
vendidos para empresas não formais, sem emissão de nota fiscal. Não há uma
definição de locais específicos para recebimento, triagem e armazenamento,
procedimentos e formas de acondicionamento. Os funcionários dessas empresas
normalmente não Utilizam EPI’S - Equipamentos de Proteção Individual.
Existem poucos receptores, geralmente vem de outros municípios para
comprar materiais de catadores que trabalham de forma ilegal no lixão. Esta
situação é bastante preocupante visto que, os catadores acabam fazendo a
triagem e estocando os materiais no próprio lixão, em condições e locais
impróprios para tal atividade. Com isso, trabalham sem as condições mínimas de
segurança e moram em barracos improvisados.
A maior concentração de catadores provém dos bairros São Francisco
e Campo de Aviação. Tanto o perfil quanto as condições de trabalho, renda e
moradia dos catadores de Campo Formoso se assemelham muito com a realidade dos
demais municípios brasileiros: os catadores trabalham de modo informal, de
forma solitária, as condições de trabalho são precárias e o preço de venda dos
materiais é baixo.
4. VARRIÇÃO, PODA, CAPINA E RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL.
Os serviços de varrição, poda, capina e a destinação dos resíduos
da construção civil – entulhos – estão inclusos no contrato celebrado entre o
município de Campo Formoso e a Empresa terceirizada, contratada após o processo
licitatório, pela Prefeitura Municipal.
O serviço de capina, coleta de
entulho, a varrição manual de vias públicas pavimentadas e de logradouros
públicos da zona rural e sede são realizados pela empresa mencionada. O serviço
de coleta e transporte de resíduos de poda e eliminação de árvores poda e capina
são realizadas diariamente (dias úteis) por outra empresa contratada pela empresa
terceirizada pela prefeitura, a qual é responsável pela destinação final. Os
trabalhos ocorrem basicamente na área central da cidade, das 08h00minh às
16h00minh, podendo ocorrer em outras localidades de acordo com a solicitação da
prefeitura (PMCF, 2011).
A coleta e destinação final de resíduos da construção civil
(entulhos) é realizada pela empresa terceirizada. A responsabilidade da
prefeitura com relação a coleta, transporte e destinação final tem um limite
que é regido pela legislação municipal, acima deste a responsabilidade e do
munícipe, que deve contratar uma empresa responsável para realizar estes
serviços.
A freqüência de coleta pode ser mensal, quinzenal ou duas vezes
por semana, conforme a localidade. Esse tipo de serviço se intensifica após as
chuvas, quando as águas transportam muito entulho, cascalho e areia para as
vias públicas e logradouros.
5. RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE – RSS
O sistema de coleta, transporte e destinação final dos resíduos
oriundos de serviços de saúde - RSS nos estabelecimentos públicos e privados do
Município de Campo Formoso são feitos pela empresa terceirizada.
Os resíduos gerados nas Unidades de Saúde são encaminhados para o
Lixão do Mandacaru. Conforme o contrato
de prestação de serviços entre a empresa terceirizada e a Prefeitura de Campo
Formoso, a quantidade mensal dos serviços de coleta, transporte e destinação
final dos resíduos de saúde produzidos nas Unidades de Saúde de Campo Formoso,
é de 3 toneladas / mês (PMCF, 2011).
De acordo com o Ministério Público da Bahia, a exposição de Resíduos
de Serviço de Saúde – RSS implica em grave risco à saúde dos trabalhadores
da limpeza urbana, assim como à dos catadores (MP/CEAMA, 2006). Destaca-se que
todo o gerenciamento deste tipo de resíduos, até a disposição final, é de
responsabilidade das unidades de saúde que o geraram e não do município.
6. RESÍDUOS ESPECIAIS
a) Pilhas e Baterias
Como diagnóstico da situação atual dos resíduos de pilhas e
baterias, o município de Campo Formoso não apresenta programas específicos para
a coleta de pilhas e baterias. Devido a essa deficiência, em conjunto com a
falta de conscientização da população, os resíduos de pilhas e baterias do
município são dispostos na coleta convencional de resíduos domésticos, tendo
por fim o vazadouro a céu aberto.
b) Lâmpadas Fluorescentes
No município não há programas específicos para a coleta dos
resíduos de lâmpadas fluorescentes, bem como, falta de pontos de entrega
voluntária. Sendo assim, a disposição destes materiais ocorre via coleta
convencional de resíduos domésticos do município.
c) Óleos e Graxas
Nos estabelecimentos privados, tais como lojas, postos de
combustíveis, oficinas mecânicas, concessionárias, indústrias em geral os
resíduos de óleos são armazenados em tambores, e posteriormente coletados por
empresas terceirizadas, as quais dão a destinação correta.
No caso das estopas, filtros e serragem contaminadas com óleo e
graxa, são destinados ao lixão municipal. Os estabelecimentos de lavagem de
automóveis não fazem o tratamento de efluentes líquidos.
Por força da legislação, há postos de combustíveis
e lojas que separam as embalagens de óleo para serem coletadas, transportadas e
limpas por recicladores. No entanto, é fácil visualizar nos arredores destes
estabelecimentos diversas embalagens deste gênero. Tal procedimento é mais
grave nas oficinas mecânicas. Há casos em que até mesmo os resíduos de óleos e
graxas são depositados diretamente no meio ambiente.
d) Pneus
Os pneumáticos descartados tanto pela Prefeitura como por empresas
privadas, são armazenados de forma inadequada. Poucos estabelecimentos
armazenam os pneus de forma adequada, no entanto, não há empresas recicladoras
para fazerem a coleta deste resíduo para uma posterior destinação adequada
conforme a legislação. A maior parte destes pneus é doada para proprietários
rurais e escolas que reutilizam esses pneus para o plantio de hortas e jardins,
bem como para fazerem coxos para alimentarem animais.
e) Resíduos Industriais
A coleta dos resíduos sólidos industriais gerados por grandes
estabelecimentos de Campo Formoso não é atribuição do Serviço de Limpeza
Pública. As indústrias que normalmente não tem uma quantidade tão grande de
resíduos sólidos colocam seus resíduos para serem coletados pelo serviço
municipal de limpeza.
7. ASPECTOS FINANCEIROS
A Prefeitura do Município de Campo Formoso direciona as atividades
de limpeza urbana à Secretaria de Obras Públicas Viação e Urbanismo, a qual
recebe os recursos orçamentários previstos no exercício para gerenciar os
contratos das empresas terceirizadas para este fim, bem como a estrutura
interna existente (PMCF, 2011).
a) Plano Plurianual – PPA
O Plano Plurianual é o instrumento que orienta o planejamento e a
gestão da administração pública para o período de 04 anos. No Plano Plurianual
estarão definidas as metas físicas e financeiras para fins do detalhamento dos
orçamentos anuais. De acordo com a Constituição Federal, o Projeto de Lei do
PPA deve conter "as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada".
8. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA
a) Estrutura Administrativa Organizacional
A abrangência do Gerenciamento
Integrado de Resíduos Sólidos tem seu foco nos serviços urbanos
relacionados à coleta de resíduos sólidos, que por sua vez integra as
responsabilidades dos serviços de limpeza urbana. Nesse aspecto, as
competências por órgão funcional - Secretaria de Viação, Obras e Urbanismo - são baseadas na Lei nº. 004/2006, que dispõe sobre a estrutura
organizacional básica da Administração do Município de Campo Formoso.
De acordo com esta Lei, a Secretaria de Viação, Obras e Urbanismo tem por
finalidades, entre outras, executar atividades referentes à prestação e
manutenção de serviços de limpeza pública.
b) Recursos Humanos
A Prefeitura Municipal de Campo Formoso, mantém em sua folha de
pagamento funcionários destinados a Limpeza Pública, lotados na Secretaria de Viação, Obras e Urbanismo.
Em relação o efetivo de pessoal disponível para a os Serviços de
Limpeza urbana do Município disponibilizado pela empresa terceirizada, o quadro de funcionários ultrapassa 100
funcionários (PMC, 2011).
9. PROPOSIÇÕES
a)
Resíduos Domésticos – Coleta Convencional
De acordo com dados do IBGE/2010, o município apresenta uma população urbana da sede estimada em 23.338 habitantes. Quanto à estimativa da geração de resíduos, a sede do município apresentou uma média de geração em torno de1. 019 ton./mês de resíduos sólidos, ou seja, uma geração aproximada de 33, 967 ton./dia resultando num per capita equivalente a 1,45 kg/hab.dia aproximadamente.
De acordo com dados do IBGE/2010, o município apresenta uma população urbana da sede estimada em 23.338 habitantes. Quanto à estimativa da geração de resíduos, a sede do município apresentou uma média de geração em torno de1. 019 ton./mês de resíduos sólidos, ou seja, uma geração aproximada de 33, 967 ton./dia resultando num per capita equivalente a 1,45 kg/hab.dia aproximadamente.
O Itinerário e freqüência de coleta de resíduos
domésticos foram definidos de acordo com
a geração dos resíduos ocorrendo mediante a demanda. No
entanto o planejamento para a coleta doméstica deve ser revisto a fim de
compatibilizar a estrutura existente com a demanda e qualidade do serviço
estabelecendo Setores e Rotas de
coleta convencional.
A proposta é a provável definição de setores e a
possível mudança na freqüência da Coleta Convencional. Estas medidas têm como
principal finalidade equilibrar a quantidade de resíduos coletados nos bairros
com as distâncias das rotas percorridas pelos caminhões compactadores,
melhorando o tempo/quilometragem.
b) Destinação Final
O crescimento populacional e as transformações no
desenvolvimento da cidade acarretam diretamente na mudança qualitativa e
quantitativa de geração dos resíduos per capita. Tal situação implica
necessariamente em atualizações do gerenciamento dos resíduos sólidos, podendo
apresentar variações de custos, na quantidade e qualidade de resíduos gerados,
inclusive na diminuição das áreas potenciais adequadas para a disposição final.
É necessário antever situações futuras e preparar o
município para contemplar um aterro
sanitário convencional a nível territorial para atender a sede e proximidades. Para atender povoados mais distantes poderão ser implantados aterros sanitários simplificados. Contudo, é necessário
construir um aterro sanitário para atender as demandas internas na ocasião do
esgotamento do aterro territorial. As principais propostas para
destinação final no município podem ser:
Ø Aterro de Sanitário;
Ø Usina de Triagem e compostagem;
Ø Unidade de Reciclagem de Resíduo de Construção
Civil.
A projeção do aterro deverá viabilizar a
implantação e aprimoramento do programa de Coleta Seletiva Municipal visando o
aumento considerável da vida útil desta área, bem como, incentivo total de
parcerias a Associações e/ou Cooperativas de Agentes Ambientais de Coleta
Seletiva (catadores), focando sua inserção social através de projetos
sócio-ambiental-econômicos.
A escolha de uma área para instalação de um Aterro
Sanitário é um estudo que envolve uma série de análises, já que é uma atividade
onde pode trazer transtornos à vizinhança e que, do ponto de vista ambiental,
implica em medidas específicas para a sua implantação, portanto, sendo sujeito
a estudos sobre a sua viabilidade.
No caso de Campo Formoso, a área utilizada como
lixão, será passível de recuperação após a implantação de um aterro em regime
de consórcio intermunicipal. É viável um estudo para verificar a possibilidade
de implantação de um aterro sanitário neste local, tendo em vista, as condições
ambientais do local e a necessidade de alternativas futuras para a destinação
dos resíduos. Verificando a impossibilidade da implantação do aterro neste
local é necessário apontar locais onde futuramente possam ser utilizados para a
implantação de um aterro sanitário.
O município, atendendo as orientações
do Ministério Público, deve buscar recursos para a adequação do ponto de
disposição final dos resíduos sólidos (lixão) enquanto a proposta de construção
do aterro sanitário territorial não aconteça:
- Isolar a área do “lixão” com cerca e
portão com tranca.
- Controlar o acesso à área do lixão,
permitindo-o apenas aos agentes de limpeza urbana, de manutenção da área, aos
catadores cadastrados pela prefeitura, além pessoas autorizadas pelo poder
público para tratar de assuntos referentes aos resíduos sólidos.
- Proibir a presença de crianças na
área do lixão e fiscalizar tal ação, acionando o Conselho Tutelar.
- Cessar e proibir a queima de
resíduos, inclusive os do serviço de saúde.
- Escavar valas na área do lixão e
depositar nessas valas todos os resíduos dispostos a céu aberto ali existente,
além dos resíduos que serão coletados até a adequação técnica e legal do
sistema de destinação final dos resíduos sólidos do município.
Propõe-se que o município tenha alternativas para a
destinação dos resíduos da zona rural. Por isto, é necessário apontar locais
onde possam ser utilizados para a implantação de aterros sanitários
simplificados. As áreas escolhidas como alternativas para implantação de
aterros sanitários dentro do município de Campo Formoso deverão seguir os
critérios de localização, acessos e geologia.
Quando a decisão de implantação do aterro for tomada, um estudo
geotécnico detalhado será pertinente para avaliar se o solo dos locais
escolhidos.
Os materiais coletados precisam de uma seleção
minuciosa antes de ser encaminhada às indústrias de reciclagem, tarefa
desempenhada pelas centrais de triagem. Analisando o município, a implantação
da Usina de Triagem junto a Usina de Compostagem e o Aterro Sanitário
contribuirão para a redução das distâncias percorridas e, conseqüentemente, o
custo da coleta.
Outra proposta, já em discussão, seria o reaproveitamento dos resíduos que não
puderem ser reciclados ou usados na produção de adubo para a fabricação de
cimento num processo denominado co-processamento. A tecnologia do
co-processamento permite que os resíduos sejam destruídos e ao mesmo tempo
substituam parte do combustível e das matérias-primas necessárias para produzir
cimento, sem interferir na qualidade do produto. Com a utilização dessa
tecnologia, resíduos como papel, plástico e pedaços de madeira, que não têm
condição de serem reciclados, passarão a ser co-processados na fabricação de
cimento.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei nº.
6.938/81. Dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
BRASIL, Lei 12.305, de 2
de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm.
Instituto Brasileiro de Administração Municipal –
IBAM. Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos
sólidos / José Henrique Penido Monteiro ...[et al.]; coordenação técnica
Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. http://www.resol.com.br/cartilha4/manual.pdf
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=290600.
Mistério Público do Estado da Bahia –
MP/BA & Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Meio
Ambiente - CEAMA. Programa desafio do lixo: laudo técnico, 2006. Disponível em: http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/ceama/programas/laudos/senhor/campo_formoso_desafio_lixo_2006.pdf.
PMCF, Prefeitura Municipal de Campo Formoso, Ba. Dados relacionados aos resíduos domésticos
(Relatórios, Documentos diversos). 2011.
PMRN, Prefeitura Municipal de Rio Negro-PR. Plano de gerenciamento Integrado de
resíduos Sólidos – PGIRS, 2008. Acesso em: http://www.rionegro.pr.gov.br/downloads/documentos/pgrsmunvol01.pdf.
Prefeitura Municipal de São Sebastião/ Faber Serviço
ltda. Plano de gerenciamento integrado
de resíduos de São Sebastião – PRESS. Volume 2: Conhecendo os resíduos. São Sebastião – SP/ Faber Serviço Ltda.,
2006. Acesso em: http://www.saosebastiao.sp.gov.br/finaltemp/press_v2.pdf.