sábado, 18 de outubro de 2014

MUCUNÃ (Mucuna Sp.)

A Mucunã (Mucuna Sp.) é uma planta trepadeiras encontrada nas matas do  município de Campo Formoso. Trata-se de uma planta da família Fabaceae que possui vagens cobertas com pelos, os quais, em contato com o corpo, ocasionam uma coceira intensa, essa coceira é graças a uma enzima de nome mucunaína.

Possuem em suas raízes certas bactérias que fixam o nitrogênio do ar e os transformam em nitratos. As sementes de várias espécies de mucunã são extremamente ornamentais, sendo usadas em diversos tipos de artesanato.

É Indicada no tratamento da doença de Parkinson, da impotência sexual e como anabólico. O seu extrato é também conhecido por estimular o estado de alerta e melhorar a coordenação. Estimula também a deposição de proteínas nos músculos e aumenta a força e a massa muscular.  

REFERÊNCIAS
Wikipédia.  Mucuna. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mucuna. Acesso em 20 de setembro de 2014.
Dicionário informal.  Mucuna. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/mucun%C3%A3/. . Acesso em 20 de setembro de 2014.
Dicio.com. br. Mucuna. Disponível em: http://www.dicio.com.br/mucuna_2/.  Acesso em 20 de setembro de 2014.
Beleza da caatinga. Mucuna pruriens. Disponível em: http://belezadacaatinga.blogspot.com.br/2012/01/mucuna-mucuna-pruriens.html. Acesso em 20 de setembro de 2014.

Emporium Natural. Mucuna Olho de Boi. Disponível em:  http://www.emporiumnatural.com.br/produtos/2-6-1821/Olho+de+Boi. Acesso em 20 de setembro de 2014.
Práticas em botânica. Praticas em botânica na mata atlântica catarinense/itapoa- sc/ Disponível em: http://praticasembotanica.com/galeria-de-imagens/praticas-em-botanica-na-mata-atlantica-catarinense/itapoa-sc/. Acesso em 20 de setembro de 2014.
Arvores de São Paulo. A curiosa mucuna ou pó de mico/ Disponível em: http://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2011/09/05/a-curiosa-mucuna-ou-po-de-mico/. Acesso em 20 de setembro de 2014.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

LICURI (Syagrus coronata)


O licuri (Syagrus coronata), é uma palmeira abundante no município de Campo Formoso, especialmente na Região das Grotas e nos Tabuleiros,  mede de 8 m a 11 m. Tendo folhas com mais ou menos 3 m de comprimento, pinadas de pecíolo longo com bainha. Possui grande potencial alimentício, ornamental e forrageiro.

Os cachos do licuri têm em média 1.350 frutos, os quais têm em média dois centímetros. Os frutos são amêndoas, e são utilizados na indústria alimentícia para diversos produtos, como também consumido in natura. As amêndoas têm grande quantidade de óleo, variando em torno de 40%, similar ao óleo de coco, utilizado para a fabricação de sabão e azeite, e o subproduto, originado da prensa dessas amêndoas, na torta do licuri, usada na alimentação animal.

O fruto também é utilizado para fabricação de cocadas, licores, e o leite de licuri. Na polpa do licuri estão os minerais cálcio, magnésio, cobre e zinco e, na amêndoa, cálcio, magnésio, zinco, ferro, maganês e selênio. Na análise nutricional dos frutos do licuri, merece destaque o teor de lipídeos (49,2%) e de proteínas (11,5%) da amêndoa e o teor de carboidratos totais (13,2%) da polpa dos frutos.

As fibras e a casca dos frutos podem ser aproveitadas como fonte energética, como suporte para despoluição de efluentes e para trabalhos artesanais. As suas fibras são matéria-prima para a confecção fabricação de vassouras, abanadores, medicinal, construção assim como na amarração de grande diversidade de produtos e objetos. Das folhas se extrai cera, muito utilizada na fabricação de diversos produtos.

Na zona dos Tabuleiros, as mulheres trabalham com a palha do licuri produzindo chapéus, vassouras e esteiras, a fim de garantir uma renda mínima para sua sobrevivência. A continuidade desta atividade é importante para a manutenção dos licurizeiros, os quais estão sendo eliminados com os constantes desmatamentos.

Esta palmeira suporta as secas prolongadas, conseguindo florescer e frutificar por um longo período do ano, atraindo e segurando o homem em regiões inóspitas. Idosos costumam mencionar o uso do licuri como alternativa de sobrevivência durante a Seca de 1932. Além dos frutos comiam o “Bró”, uma espécie de massa que era extraída do caule dos licurizeiros. O processo de extração do "Bró" era árduo, cortavam a casca grossa do caule do licuri, levavam esse caule para uma laje de pedra, batiam-no até extraírem uma massa, peneiravam-na e assavam no forno da casa de farinha. Era uma farinha vermelha muito usada para fazer cuscuz.

A otimização do uso dessa palmeira, certamente contribuirá para melhoria da qualidade de vida da população, no entanto, a falta de políticas agrícolas e de informação da população do semi-árido tem levado ao declínio da cultura do licuri, o que é lastimável, pois o licurizeiro apresenta grande importância nos municípios onde se encontra, pois representa fonte de renda para a população.

REFERÊNCIAS
Licuri. (Syagrus coronata) Cícera Izabel Ramalho. Disponível em: http://www.cca.ufpb.br/lavouraxerofila/pdf/licuri.pdf. Acesso em 16 de agosto de 2014.
Licuri. Disponível em:  http://www.cerratinga.org.br/licuri/. Acesso em 16 de agosto de 2014.
Licuri como fonte energética e Alimentícia.  Disponível em:
http://www.ifba.edu.br/downloads/Projeto_Licuri.pdf. Acesso em 16 de agosto de 2014.




sábado, 6 de setembro de 2014

INCÓ (Capparis Sp)

Nas caatingas e grotas do município de Campo Formoso, é muito comum a ocorrência do Incó.  

Planta da Família Capparaceae, uma arvoreta que mede de 3 a 6 metros de altura, apresenta tronco bastante ramificado, de até 25 centímetros de diâmetro. Repleto de folhas grandes e vistosas que medem de 20 cm de comprimento a 9 cm de largura, são cobertas por penugem, de tom verde-escuro na parte superior e verde prateado na inferior. 

As flores são brancas e aromáticas. Os frutos são capsulares, ovais pontudos, verdes e abrigam de quatro a seis sementes.

Referência: SILVA, Silvestre. Árvores Nativas do Brasil - Volume 1.








sábado, 19 de julho de 2014

RÁDIO NUPORANGA FM – 98 FM


A 98 FM é uma estação de radio  brasileira com sede na cidade de Campo Formoso, Bahia e opera na frequência 98,1 Mhz e também pela internet (www.radiofm98.com.br).

A rádio foi fundada em 25 de setembro de 1989 pelo empresário José Veras de Carvalho, naquela época a potencia do transmissor era de apenas 250 watts, hoje são 5 quilowatts. Mais de 35 municípios recebem o sinal da Rádio, sendo que a antena e transmissores estão fixados na Serra do Barro Amarelo, ponto estratégico para maior alcance do sinal.

 A primeira sede, onde funcionava o estúdio de transmissão ficava na Rua Dois de Julho, em 1993 passou a funcionar na Rua Belo Horizonte, hoje funciona na Rua dos Crisântemos, Bairro Bosque das Mangueiras. Naquele momento foi a 4ª emissora da Bahia a receber o Sistema Digital Computadorizado em Rádio.

Os primeiros radialistas foram Ijauí Rios, William Veras, Paulo Henrique Veras, “Duquinha”, Amorim Neto e Joel de Sena. Hoje a programação da Rádio é feita por Zito Veras, Reinaldo Rios, Paulo Santos, Janete Lima, Ana Paula, Sérgio Sátiro e Jota Maia, Gilvan Macário e Marcondes Nunes.

Quando foi fundada a Rádio tinha uma programação norteada pelas tendências das rádios dos grandes centros urbanos do nosso País.  Hoje a programação da rádio é diversificada apresentando diversos estilos musicais com enfoque para o regionalismo. Faz coberturas de festejos populares, eventos sociais e políticos. Foi a primeira radio FM da região a fazer cobertura de jogos de futebol.

A Rádio sempre procura fazer trabalhos comunitários de caráter social. Programas como o Ação Total e o Use e Abuse  tinham como prioridade a participação popular.  Atualmente o programa que tem maior atuação voltada para a comunidade é  o 98 Notícias, programa jornalístico que se tornou o principal meio de informação de assuntos locais.

No decorrer de sua existência participou de movimentos populares de caráter nacional. Pode-se mencionar ainda a realização de campanhas em prol do bem estar da sociedade nas áreas de combate às drogas e saúde. O Programa Tempo de Saúde tinha a participação do saudoso Dr. Paulo, in memoriam, neste o povo fazia questionamentos relacionados à saúde e o médico respondia ao vivo. Foi aberto espaço para as igrejas Evangélicas e Católica que mantém programas evangelísticos.


A Rádio tem se preocupado com a melhoria do meio ambiente ao apresentar metérias jornalísticas, abrir espaços para entrevistas e colocar plaquetas informativas nas árvores da cidade e povoados enfocando a necessidade de preservar o meio ambiente.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

CIRCUITO DE ESPORTE E CIDADANIA EM CAMPO FORMOSO



Todos os anos Campo Formoso comemora sua emancipação política de forma diferente, realiza o Circuito de Esporte e Cidadania com alunos de escolas da rede pública e privada. O evento que traz à cidade um clima de olimpíada tem sua abertura com a cerimônia de acendimento da Pira Olímpica seguida do desfile dos participantes da competição por ruas da cidade e Corrida Rústica.

Entre as modalidades presentes no Circuito de Cidadania e Esporte estão voleibol, handebol, boleado, futebol society e futsal. Além disso, destacam-se as modalidades individuais como saltos, arremesso de disco, arremesso de dardo, arremesso de peso, corrida de 1500m e corrida de 100m. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

GUABIRABA (Campomanesia Sp.)



Nas capoeiras, pastagens e pequenos bosques da Zona das Grotas do município de Campo Formoso é  encontrada uma pequena árvore que oferece um fruto  de sabor e aroma agradáveis que chamamos de Guabiraba.

A guabiraba ou Guabiroba é o fruto produzido por um arbusto silvestre que cresce nos campos e pastagens dos cerradobrasileiros. Vive em clima tropical quente, com baixo índice pluviométrico. É heliófita (se desenvolve na presença de luz), característica das submatas abertas ou de vegetação semidevastada. 

Não é exigente quanto ao solo, crescendo inclusive em terrenos pobres e não perde as folhas facilmente (decídua). No Brasil existem muitas espécies e variedades de frutos que levam o mesmo nome popular, gabiroba ou guabiroba, de origem guarani, que significa “árvore de casca amarga”.

Pertence à família Myrtaceae Juss, representada por aproximadamente 140 gêneros, os quais reúnem mais de 3.000 espécies que se distribuem nas regiões tropicais e subtropicais. Várias propriedades terapêuticas têm sido atribuídas à espécie de Campomanesia, tais como: antiinflamatória, anti-reumática, entre outras. É dividida em duas subfamílias: Leptospermoideae e Myrtoideae.

Normalmente os frutos são plurisseriados e embriões com testa glandulosa.  São arredondados, de coloração verde-amarelada, com polpa esverdeada, suculenta, envolvendo diversas sementes muito parecido com uma goiabinha. A floração ocorre entre os meses de setembro e novembro e a frutificação entre novembro e fevereiro.

Os frutos das Campomanesias destacam-se como importante recurso alimentar da fauna, composta por um grande número de pássaros, pequenos mamíferos, peixes, macacos e até répteis, representam os principais agentes dispersores das sementes da espécie.

Suas cascas e folhas, preparadas por infusão, são utilizadas na medicina popular contra diarréia, problemas do trato urinário e leucorréia.


REFERÊNCIAS

1. ALMEIDA, Rafael da C.; COSTA, Diego de M.V.da; OLIVEIRA, George L. da Silva MENDES Sabrina Mª. V.. Abordagem Fitoquímica do Extrato Foliar da Guabiraba, Campomanesia Lineatifolia. Disponível em:http://congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/1076/86. Acesso em 01 de julho de 2013.
2. DICIONÁRIO ON LINE DE PORTUGUÊS. Guabiroba. 
Disponível em:http://www.dicio.com.br/guabiroba/. Acesso em 01 de julho de 2013.
3. VALLILO, Maria Isabel; BUSTILLOS, Oscar Vega; AGUIAR, Osny Tadeu de. Identificação de Terpenos no Óleo Essencial dos Frutos de Campomanesia Adamantium (Cambessédes) O. Berg – Myrtaceae. Rev. Inst. Flor., São Paulo, v. 18, n. único, p. 15-22, dez. 2006. 
Disponível em: http://www.iflorestal.sp.gov.br/publicacoes/revista_if/rev18-unicopdf/15-22.pdf. Acesso em 01 de julho de 2013.
4. WIKIPEDIA.ORG. Gabiroba. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gabiroba. Acesso em 01 de julho de 2013.

O PROCESSO DE POVOAMENTO E “CIVILIZAÇÃO” DO MUNICÍPIO DE CAMPO FORMOSO

 
1. Introdução
Campo Formoso, antiga Freguesia Velha de Santo Antonio da Jacobina, situada no Sertão das Jacobinas, foi um dos primeiros núcleos coloniais do sertão norte da Bahia no séc. XII. Época em que o projeto colonial empreendido por Portugal passou por um processo de interiorização. Tem o seu nome originado a partir da designação que os indígenas davam à região, "nupuranga", que significa "Terra Bela”.

Serviu como cenário para os movimentos de ocupação e povoamento de exploradores, curraleiros, missionários e autoridades. Tais movimentos proporcionaram o despovoamento e interação de diversas etnias indígenas, os temidos “Tapuias” do Sertão das Jacobinas do século XVII.

Jacobinas eram chamadas na Bahia, as terras de vegetação baixa e espinhosa que formavam o sertão. Desde o século XVII, Jacobina, entendida como sertão, estava situada no centro da Capitania da Bahia. Tornou-se conceito de tudo quanto se contasse fora do recôncavo e do litoral, um nome opulentado de grandezas e de misérias, por seus metais e índios bravos. Foram terras ocupadas e povoadas colonialmente a partir do gado e vaqueiros dos D’Avila da Casa da Torre. Família de sesmeiros que possuía duzentas e sessenta léguas pela margem esquerda do rio São Francisco e oitenta léguas pela margem direita do mesmo rio.

As Jacobinas dividiam-se em Jacobina Velha e Jacobina Nova. A primeira situava-se entre o Rio Salitre e a Serra da Jacobina ocupando a maior parte do Município de Campo Formoso. A segunda ficava mais ao sul e Oeste e abrange quase todo município de Jacobina.

 2. Os primeiros habitantes
As terras do município de Campo Formoso eram habitadas pelos índios Sapoiás, Payayás e Secaquerinhens, todos pertencentes ao grupo dos Quirirus, formando a grande nação dos Tapuias. Eram guerreiros valentes e fortes, viviam da caça e da pesca e moravam em casa de palha de ouricurizeiro, uma palmeira abundante nos campos da região das Jacobinas. Vestiam-se de penas de aves, de peles de animais e durante o verão andavam completamente nus. Comiam frutos das matas, animais que caçavam e peixes dos rios e riachos. Plantavam milho e mandioca em pequenos roçados.

Durante o verão moravam nos vales frescos situados entre as serras das Jacobinas. No inverno migravam para as caatingas do Salitre do São Francisco fugindo do frio rigoroso dos grotões e serras. Evidencia deste nomadismo foram contatadas a partir dos estudos de pinturas rupestres feitas em rochedos e cavernas existentes na região.

No cotidiano, “dormiam em redes e usavam botoques auriculares, pintando-se com genipapo e urucum”. Suas doenças “eram explicadas por fatores sobrenaturais”. Cada tribo tinha seus pajés que eram como sacerdotes encarregados de se comunicarem com os espíritos, zelar para que fossem guardadas as tradições da tribo a fim de que não se perdessem os ensinamentos e a sabedoria transmitida pelos antepassados.

3. A criação de gado
As primeiras cabeças de gado vieram para o Brasil do arquipélago de Cabo Verde, em 1534, para a capitania de São Vicente. Em 1550 Tomé de Sousa mandou uma caravela a Cabo Verde trazer um novo carregamento, desta vez para Salvador. Da cidade, o gado começou a espalhar-se rumo a Pernambuco e para o nordeste e o norte, principalmente Maranhão e Piauí.

A partir de 1620, Francisco Dias D’Ávila, neto do primeiro Garcia D’Ávila, promoveu o povoamento do Sertão das Jacobinas a partir da criação de gado, fator preponderante da penetração colonizadora.  Entre os anos 1654 e 1659 o Padre Antônio Pereira e seu irmão Garcia D`Ávila conseguem uma sesmaria, nela estava a área onde situa-se o município de Campo Formoso.

Com a criação de gado foram instaladas fazendas  e currais administradas por feitores, vaqueiros e boiadeiros. Contudo, a criação de gado teve como um dos seus obstáculos os índios. Por não quererem entregar suas terras ao gado muitas guerras foram movidas contra as tribos da família kariri e nação payayá. Os Garcia D’Ávila promoveram verdadeiros massacres aos indígenas do Sertão das jacobinas.

4. A busca dos metais preciosos
Além da frente pastoril, outro movimento que confrontou os colonizadores com os povos indígenas foi à busca por metais preciosos. Este foi o impulso que provocou os maiores transtornos aos índios. Havia interesse em descobrir o ouro, a terra do Eldorado, ou diamantes como na Índia, e prata como nas minas do Potosí, na atual Bolívia. O sonho das riquezas estimulou a penetração, e foram surgindo arraiais. Na região do rio Salitre, se falava em minas de prata e pedras preciosas, como à ametista.

A partir da segunda metade do século XVI, diversas expedições, em sua maioria, saídas de Salvador, da Vila de Porto Seguro e de Ilhéus, partiram com um ímpeto inicial de buscar supostas riquezas minerais. Desse período, as principais entradas para a região onde se encontra o município de Campo Formoso foram as de Gabriel Soares de Souza e Belchior Dias Moréia.

É provável que Belchior Moréia seja o primeiro bandeirante a penetrar nessa região. Organizou uma entrada que longamente percorreu o sertão durante oito anos, lá pelo final do século XVI. Sua demora foi tamanha, a ponto de supor sua família que ele houvesse perecido nos grotões do interior cobiçado.

Belchior Moréia revelou ter encontrado fabulosas minas de prata, entretanto, afirmou que só revelaria a sua localização caso tivesse a garantia das promessas de privilégios pelo Governo-geral. Como seus requerimentos não foram atendidos pelas autoridades, morreu sem revelar a sua devida posição. O que despertou nas sucessivas gerações o interesse pela célebre “lenda sobre as minas de prata”.

Passaram pelo Sertão das Jacobinas aventureiros seguindo a trilha de Bento Surrel, que descobriu o salitre em 1671 o salitre, longamente procurado por enviados da coroa portuguesa, aventureiros como o já citado Belchior Dias Moréia e o próprio Francisco Dias D’Ávila, segundo Senhor da Casa da Torre. O governador D. João de Lencastro andou por esta região atravessando matas inóspitas em busca do salitre e ainda para pesquisar e desvendar minas no tempo do Vice-Rei Vasco César. Também andou por aqui o lendário Romão Gramacho, cujo nome está ligado à procura de ouro nos sertões da Bahia.

Os D`Ávila escravizaram os índios  para trabalharem em minas de extração de salitre, situadas na região de Pacuí e apossaram-se das riquezas naturais e das melhores terras dos índios. Essa família organizou diversas campanhas contra os índios, entre elas, destaca-se a do Salitre, considerada a mais cruel e injusta, na qual foram sacrificados quase quinhentos guerreiros índios.

A mão de obra utilizada para a extração e transporte do salitre era de indígenas como os grupos payayá, sapoiá, secaquerinhens e cacherinhens, aldeados por missionários espaços reduzidos e definidos. Os pagamentos desse serviço nem sempre eram realizados e havia muitas denúncias de abusos, agravando as tensões entre os índios e os colonos.

Vale ressaltar que os indígenas viviam misturados com outros grupos étnicos e expostos a doenças, conflitos e maus tratos. O salitre era transportado em lombo de burros para o porto da Bahia e lá seguia para Portugal. Desse minério extraia-se a pólvora utilizada na indústria da guerra.

 5. O trabalho missionário
O processo de colonização de Campo Formoso colonização se desenvolveu graças à ação dos missionários jesuítas. Vieram para o Brasil com objetivo de catequizar as populações nativas e, por meio de sua ação, acabavam dando uma justificativa religiosa à presença dos portugueses em terras distantes. A disseminação do cristianismo acabava dando sustentação a toda exploração e expropriação praticadas nesse tempo.

Os primeiros missionários a manterem contato com os payayá no Sertão das Jacobinas foram os da Companhia de Jesus. Organizaram expedições missionárias com o intuito principal de catequizar tais populações. Uma das entradas organizadas por estes religiosos ocorreu por volta de 1656 e, sendo liderada pelo padre Rafael Cardoso, o qual passou pelas serras das Jacobinas e visitou os sapoiá e os payayá. Conta-se que naquela época havia mais de 80 aldeias espalhadas pelos vales e planícies das Jacobinas.

Por conta disso, houve as expedições de 1666 chefiadas pelo padre Jacob Roland e pelo teólogo João de Barros, na qual eles fundaram a Missão de Jacobina (São Francisco Xavier), construindo uma Igreja na aldeia dos sapoiá.

As primeiras missões dos jesuítas ficavam na Jacobina Velha, eram a Missão de São Gonçalo do Salitre, Missão da Aldeia dos Payayás e Missão de São Francisco Xavier. A Missão de São Gonçalo do Salitre foi fundada em 1666, situava num lugar denominado Laranjeiras e suas ruínas existem próximas ao povoado de Abreus, no Vale do Rio Salitre. Supõe-se que a Missão da Aldeia dos Payayás ficava próxima ao local onde hoje se encontra a cidade de Campo Formoso.

 A situação das missões passou a ser não tranqüila em função da perseguição empreendida pela família Garcia D`Ávila. No ano 1675, após um levante de indígenas na região do Rio Salitre foram assassinados muitos feitores e vaqueiros e dizimados grande parte do rebanho, o governador Afonso Furtado de Mendonça encarrega Francisco Dias D’Ávila II de organizar uma expedição punitiva contra os 800 índios rebelados. A Campanha do Salitre foi um dos episódios mais sangrentos da nossa história.

Até 1682, o Sertão de Jacobina se tornou muito povoado para os parâmetros da época, diante disso as autoridades religiosas perceberam que a região se consistia em uma área estratégica para desdobrar-se em Freguesias. Então, em 1682, o povoado que surgiu no mesmo espaço em que foi fundada a missão de São Francisco Xavier, que situava-se nos arredores de onde é hoje a cidade de Campo Formoso foi elevada à categoria de freguesia, pelo decreto do 1º arcebispo da Bahia, D. Gaspar Barata de Mendonça, recebendo então o nome de Freguesia Velha de Santo Antonio da Jacobina.

A Freguesia Compreendida num circuito de trezentas léguas, representou um dos primeiros núcleos coloniais do sertão norte da Bahia e consolidou o povoamento do sertão de Jacobina. O principal fomentador do progresso da região da Freguesia Velha de Santo Antonio foi à exploração do minério do Salitre no Pacuí (oficina Nossa da Encarnação) e nas minas de João Martins e João Peixoto.
A região em que foi fundada a missão jesuíta de São Francisco Xavier e, respectivamente, criada a sede da Freguesia Velha de Jacobina, supostamente pertencia aos D’Ávila. E, diante deste movimento de organização do espaço para as atividades religiosas, a Missão de São Francisco Xavier sofre intensa perseguição por parte do elemento colonizador. O aldeamento é alvo das constantes hostilidades dos sesmeiros e colonos devido aos direitos de posse das terras e da submissão dos índios, a aldeia de São Francisco Xavier nas Jacobinas sofreu sucessivos assaltos da parte dos curraleiros, tais fatos culminam com a destruição da Missão de São Francisco Xavier.

Depois desses abusos, por volta de 1697, os jesuítas abandonaram definitivamente os aldeamentos das Jacobinas e o trabalho missionário foi ocupado pelos franciscanos. Estes missionários ficaram incumbidos de atuarem nas fábricas de salitre, possivelmente nas atividades de capelão e no fornecimento de mão de obra indígena para o serviço de extração e transporte do salitre.

No ano 1757, o Padre Manoel Monteiro comprou a D. Ignácia de Araújo Pereira, viúva do Coronel Garcia D’Ávila Pereira, cinco sítios situados na Jacobina Velha que mandou leiloar entre os pobres descendentes de índios fazendo, assim, a primeira reforma agrária da região.

Em 1770 a Freguesia Velha de Santo Antonio da Jacobina era a mais importante povoação da região das Jacobinas. Esse desenvolvimento alimentou o desejo da população daquela época para a elevação da freguesia para a categoria de vila. Apesar dos argumentos razoáveis, nenhuma decisão foi tomada a respeito. E o povoado de Santo Antonio esperou 110 anos para que acontecesse este desejo tão almejado por sua população.
E, aos 28 de julho de 1880 por força da Lei Provincial nº. 2051, assinada pelo Governador da Província da Bahia, D. Antonio de Araújo Bulcão, foi criada a vila de Campo Formoso (antiga Freguesia Velha de Santo Antonio do Sertão da Jacobina), com todos os limites da Freguesia.  Criada com território desmembrado de Vila Nova da Rainha, atual Senhor do Bonfim. A instalação do município deu-se em 22 de julho de 1883.
No século XX a sede do município foi eleva da à categoria de cidade, precisamente no dia 30 de novembro de 1938 pelo Decreto-Lei Estadual, nº. 11.089, que entrou em vigor no dia primeiro de janeiro de 1939.  Localizado na encosta da Serra da Jacobina, Campo Formoso, é uma cidade cheia de ladeiras e colinas.  Sobre o Morro dos Alecrins, situam-se o centro comercial, as repartições públicas, os hotéis, hospital, igrejas e antigas residências.

REFERÊNCIAS
SILVA, Almacks Luiz. Rio Salitre (Bacia do São Francisco), artigo de Publicado em fevereiro 17, 2010 por HC http://www.ecodebate.com.br/2010/02/17/rio-salitre-bacia-do-sao-francisco-artigo-de-almacks-luiz-silva/
CUNHA, Tatiane Oliveira da. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009.   “Porta-vozes da Romanização”:  Capuchinhos em missões populares em Sergipe (1901-1923).

SOLON, Natalício Araújo dos Santos. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009.  Políticas Indígenas nos aldeamentos da Vila de Santo Antonio de Jacobina (1803-1816).

FREITAS, Edith Alves de A.; SILVA, José Freitas da. História da Freguesia Velha de Santo Antônio Campo Formoso. 2. ed. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2004.

SOLON, Natalicio Araújo dos Santos. Diáspora indígena no Sertão das Jacobinas (1673-1706). Disponível em:

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Colonização do Brasil. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_do_BrasilAcesso em: 26 de março de 2013.

COLAÇO, Miguel Ângelo da Silva. Etnobotânica dos índios Pankararé, no Raso da Catarina - Uefs. 2006.Disponível em:  http://www2.uefs.br/ppgbot/pdf_dissertacoes_teses/mestrado/2006/miguelcola%C3%A7o.pdf#page=1&zoom=auto,0,849.


ALDEAMENTOS JESUÍTAS E POLÍTICA COLONIAL NA BAHIA. SÉCULO XVIII. Fabricio Lyrio Santos / Revista de História 156 (1º semestre de 2007), 107-128. revistas.usp.br/revhistoria/article/download/19051/21114.

BAHIA, SALVADOR E NORDESTE, GUIA DE TURISMO E VIAGEM COM HOTÉIS BAHIA, SALVADOR E NORDESTE. História de Campo Formoso na Bahia. Disponível em: http://www.bahia.ws/historia-de-campo-formoso-na-bahia/. Acesso em: 06 de julho de 2013.