sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

AS REGIÕES DE CAMPO FORMOSO

Mapa: Regiões de Campo Formoso (divisão empírica)
Com o objetivo de facilitar a administração e o planejamento da gestão municipal o município de Campo Formoso foi dividido em regiões.

Essa divisão tem por base as características geoeconômicas e a formação histórico-econômica do município.

Sede do Município: a mais populosa e desenvolvida economicamente. Tem como base econômica o comércio, a mineração e atividades produtivas afins, ao lado da agropecuária.  
Região de Lages: A principal atividade produtiva é a agricultura do tipo familiar, com destaque para criação de caprinos. A região é contemplada com uma riqueza natural expressiva: muitas serras, com vários minérios e cavernas que constituem um sítio de grande valor científico mundial.

Região de Poços: A econômica baseia-se na agricultura, pecuária, prestação de serviços às empresas presentes na sede do município e nas áreas de exploração mineral. A região se encontra na Zona das grotas ou Serrana, onde havia uma abundante floresta estacional decidual, vegetação arbórea densa com árvores de grande porte, talvez um prolongamento da Mata Atlântica.

Região de Tuiutiba e Curral da Ponta: localiza-se numa área de grotas com um microclima peculiar, a grande umidade do clima local proporciona a produção de frutas como abacaxi, manga, abacate e banana. A vegetação é exuberante com árvores frondosas e muitas matas.

Região de Caraíbas: Caraíbas destaca-se pela sua grande ascensão econômica, isso se deve a intensa dedicação que seus moradores apresentam para atividades agropecuárias, comerciais e cooperativas.

Região de Tiquara: O processo produtivo baseia-se na agricultura familiar com a extração da fibra do sisal, da criação de caprinos, ovinos e o plantio de milho, feijão e mandioca. Destaca-se ainda o plantio de culturas irrigadas como o tomate.  A vegetação é a Caatinga do tipo arbustivo-arbórea.

Região de Araras: O clima é muito seco e a vegetação predominante é a caatinga. A economia se baseia na criação de caprinos e nas culturas de subsistência como o feijão e o milho.
Região do Salitre: A área está incluída na bacia de drenagem do rio Salitre, um rio intermitente que deságua no rio São Francisco. Nesta região ocorrem muitos conflitos devido ao uso intensivo da agricultura irrigada.
Região de Brejão da Caatinga e São Tomé: De clima semiárido, se encontra na Bacia do Rio Salitre. A principal atividade econômica é a agricultura. Na pecuária destaca-se a criação de gado bovino, caprino e ovino.


quinta-feira, 28 de julho de 2016

CAMPO FORMOSO NA BAHIA, NO NORDESTE

O município de Campo Formoso está situado na região Centro-Norte do Estado da Bahia, a uma distância aproximada de 413 km da Capital Salvador. O acesso a partir de Salvador é feito através da rodovia BR-324 até a cidade de Feira de Santana, a partir de onde é adotada a BR-116, num pequeno trecho, onde retorna a BR-324 até a cidade de Capim Grosso, por onde se segue no sentido norte, através da BR-407 até a cidade de Senhor do Bonfim e, por fim, adota-se a BA-131 até a cidade de Antonio Gonçalves e BA 220 até Campo Formoso.

I. PAISAGEM NATURAL
As paisagens campo-formosenses são muito diferenciadas entre si. O município possui fragmentos de floresta estacional decidual nas áreas mais úmidas, caatingas arbóreas e arbustivas. Abriga Serras, vales e grotões onde nascem inúmeros pequenos rios temporários e perenes.

II. UMA REGIÃO ÁRIDA E RICA
A área territorial de Campo Formoso corresponde a 7.258,676 km2, de acordo com a estimativa do  IBGE/2015, sua população ultrapassa os 72.271 habitantes.

Apesar de estar numa área sujeita à secas periódicas possui um grande potencial econômico dado às inúmeras riquezas naturais. A economia de Campo Formoso tem como base produtiva à mineração e atividades produtivas afins, ao lado da agropecuária, a economia municipal desfruta de uma situação privilegiada em relação a outras economias da região do semi-árido, pois se beneficia além das receitas e empregos gerados pela agropecuária, daqueles gerados pelo setor industrial e dos segmentos uniformes de comercialização de pedras, de lapidação e artesanato.


A agricultura tem significativa importância no setor primário. A base produtiva da agricultura é razoavelmente diversificada. Vários produtos se destacam em nível de produção agrícola, como a mandioca, mamona, tomate e feijão. Entre as culturas permanentes o sisal situa-se com maior destaque. Também é ressaltada a produção de mel em algumas comunidades do município. Com relação à pecuária o município tem lugar de destaque na criação de caprinos. A agricultura irrigada se destaca com plantio de tomate, melão, uvas, mangas, pinhas, tomate, cebola, pimentão, entre outros. 

O setor secundário se destaca no município em função da indústria da extração e da produção de artesanato mineral. Grandes empresas do ramo da mineração estão instaladas em Campo Formoso que extraem e beneficiam minérios. Vale ressaltar que o setor secundário esta representado também por indústrias de alimentos, mecânica, metalúrgica e da construção civil.

Quanto ao setor terciário, compõe-se basicamente de número razoável de empresas de serviços e comerciais nos diversos ramos. A atividade de turismo pode ser uma opção de geração de receitas para o município, tendo em vista o numero de grutas existentes.

III. SUBDIVISÕES DE CAMPO FORMOSO
Existem várias maneiras de dividir um espaço para analisá-lo geograficamente: se levarmos em conta a interdependência entre elementos naturais como relevo, solo, clima, aguas, rochas e vegetação esse espaço constitui um domínio morfoclimático.

Dessa maneira podemos afirmar que Campo Formoso é ocupado por três domínios morfoclimáticos: Domínio das Grotas, Domínio da Caatinga e o Domínio dos Tabuleiros.

1. Domínio das Grotas
Ocupa a área montanhosa da Serra da Jacobina na parte Leste do município. Apresenta clima subúmido o que proporciona a ocorrência de manchas de floresta estacional e de inúmeros rios e riachos perenes. A cidade de Campo Formoso é cercada de grotas tais como Grota da Gia, Canavieira, Vanvana, Grota Ferreira, Grota do Juju, entre outras.

2. Domínio dos Tabuleiros
Corresponde a uma faixa de terra coberta por uma vegetação característica denominada tabuleiros, situa-se entre a Serra do São Francisco e o Vale do Salitre. Os tabuleiros apresentam vegetação alta e abundante. O clima e o volume das chuvas é um meio termo entre as chuvas escassas do domínio da caatinga e as mais frequentes do Domínio das Grotas.

O relevo é acidentado destacando-se a Serra do São Francisco que é uma ramificação da Chapada Diamantina em direção ao Rio São Francisco. Esta serra localiza-se entre os municípios de Campo Formoso e Santo Sè. É um refúgio ecológico com muitas matas, riachos e cachoeiras. A fauna e a flora são muito ricas. As chuvas concentram-se nos meses de verão. Pequenos rios são comuns, em sua maioria temporários.

3. Domínio da Caatinga  
Ocupa a parte central do município, uma vasta área com clima mais seco que as demais. A vegetação é constituída por árvores e arbustos recobertos de espinhos. 
Foto: Região árida de Campo Formoso - Zona da Caatinga/Região do Salitre
O solo normalmente é raso e cheio de pedras, as chuvas são esparsas.  O Rio Pacuí é o único rio Perene. O clima tropical semi-árido caracteriza-se por altas temperaturas e chuvas escassas.

IV. RELEVO DE ALTITUDES MODESTAS           
O relevo campo-formosense é aplainado a ondulado com altitudes entre 500 e 700 metros. Algumas áreas apresentam altitudes elevadas chegando a 800 m, representadas pelas serras sustentadas pelos quartzitos em seus topos. Essas serras são cortadas por vales e grotões onde há nascentes de vários rios.

Nos contornos da região serrana há topos arredondados que a população local chama de morros, predominando nos domínios onde afloram os granitoides, o Granito de Campo Formoso. Nesta área se destaca o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso onde se encontram rochas portadoras de mineralização de cromo.

Na zona de contato deste corpo granítico com o Complexo Máfico-Ultramáfico de Campo Formoso é possível observar, no setor nordeste do maciço, na região de Socotó, a presença de esmeraldas de boa qualidade que vem sendo lavradas em caráter de garimpo.
Na zona da caatinga predominam áreas planas cortadas pelo Rio Salitre e seus afluentes. São planícies aluvionares, a sua origem está relacionada ao intemperismo físico proporcionado por este rio e seus afluentes.
Na figura acima, no domínio montanhoso da Serra do São Francisco, na parte Oeste (1) destacam-se as serras do Cambão, Curral Frio, Angelim, do Mulato, e da Lage; O Vale do Salitre (2) separa a Zona dos Tabuleiros e planícies da Zona da Caatinga (3), que apresenta pequenos montes isolados e pequenas serras. Em (4) destaca-se o domínio montanhoso da parte Leste do município onde destacam-se as Serras da Jacobina, do Barro Amarelo, Mangabeira e Morgados.

V. HIDROGRAFIA
O município de Campo Formoso é drenado pelas Bacias Hidrográficas do rio Itapicuru e do rio Salitre que, faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. A maioria dos seus rios são temporários, que secam após o período das chuvas.

Os rios Rio Campo Formoso, Rio das Pedras, Rio Gia, Rio água Branca, Rio Brejo do Coelho, Rio Itapicuru Mirim e Rio Barroca são os principais rios que integram a bacia do rio Itapicuru, sendo estes rios de regime perene. Os Rios Pacui, Rio Preto, Rio da Lage, Rio Escurial, Rio Tanquinho, Riacho das Piabas, Riacho do Morim e Riacho Ventura agregam a bacia do rio Salitre.

Na Bacia do Salitre o trimestre mais chuvoso é de novembro a janeiro, enquanto o período mais seco é de junho a agosto. O clima predominante na bacia é semi-árido a árido.

VI CLIMA DE CHUVAS IRREGULARES E ESCASSAS
O clima da região é caracterizado como semi-árido a seco e subúmido, com precipitações médias anuais variando entre 700 e 900 mm e possui temperatura média anual de 24º C. A região faz parte do “Polígono das Secas” devido aos prolongados períodos de estiagem.

Devido às conformações do relevo e a ocorrência de massas de ar vindas do litoral o clima apresenta pequenas alterações climáticas. A ocorrência de chuvas é desigual.

 Variações climáticas locais são provocadas pela presença de regiões serranas (mais elevadas) e as partes aplainadas (mais rebaixadas). Nas áreas de serras, o clima é do tipo subúmido, apresentando uma pluviosidade maior que 900 mm/ano. Nas zonas de aplainamentos, com altitudes inferiores a 800 m, o tipo é seco a semi-árido com índices pluviométrico que variam de  700 a 800 mm/ano.

Na Zona das Grotas as temperaturas oscilam entre os 18° e 34° C, com verões quentes, cujos meses mais quentes são dezembro e janeiro e os mais frios entre junho e agosto, e chuvas distribuídas em todo ano, com uma maior intensidade entre novembro/janeiro e março/abril.

A Zona da Caatinga a distribuição irregular de chuvas é provocada principalmente pela influência do relevo. Devido a sua posição geográfica a Serra da Jacobina impede a passagem de ventos úmidos que vem do Oceano Atlântico para o interior do município. O clima desta zona caracteriza-se como Semiárido quente, típico de região de caatinga e do agreste, com uma estação chuvosa irregular entre os meses de outubro e abril, com temperaturas médias em torno dos 27° C, cujo mês mais quente (dezembro ou janeiro) atinge os 34° C e o mais frio (julho) 22° C e chuvas distribuídas entre os meses de novembro a março.

Quando a escassez das chuvas é muito prolongada ocorrem às secas causando grandes problemas para a agricultura e pecuária. A causa desse fenômeno está ligada as massas de ar úmidas que se desviam para o litoral e para a parte central da America do Sul. Essas secas são agravadas quando ocorre o fenômeno conhecido como El Niño: fortes massas de ar se deslocam do litoral peruano para o Brasil e bloqueiam as massas de ar frio e úmido.

VII. GRANDE VARIEDADE DE VEGETAÇÃO
No município de Campo Formoso ocorrem vários tipos de vegetação, floresta estacional, cerrado/caatinga e caatinga (arbórea e rasteira). À medida que nos dirigimos para Oeste ou Leste a vegetação é mais exuberante, na parte central onde a quantidade de chuvas é menor surge a caatinga é rala com manchas de caatinga arbórea.

A floresta estacional constitui a vegetação típica do bioma da Mata Atlântica e é caracterizada por duas estações climáticas bem marcadas uma seca e outra chuvosa. Caracterizada principalmente por apresentar uma vegetação arbórea fechada com altura média de 15 a 25 metros e arbustiva, sendo a mais densa vegetação da área.
Foto: Fragmento de floresta estacional - Morro do Salomão/Poços
O Cerrado/Caatinga é caracterizado principalmente por apresentar uma vegetação arbustiva arbórea, com altura que varia de 4 a 12 metros, restritas aos solos areno-argilosos provenientes das rochas graníticas.

A caatinga é constituída por espécies de plantas xerófitas, espinhentas, cactáceas (cactos e bromélias) eventualmente gramíneas. Em geral variam de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte abertas a densas.

VIII. O POTENCIAL HUMANO
Campo Formoso, com mais de 72,271 habitantes, de acordo com a estimativa do  IBGE/2015, possui os seguintes aspectos populacionais:
1.1 A povoação de Campo Formoso iniciou-se no período colonial
As primeiras terras visitadas por Cabral, ao chegar ao Brasil, foram as costas do Nordeste, e algumas das primeiras cidades brasileiras foram ai fundadas.  Assim, durante os séculos XVI e XVII, o litoral e a Zona da Mata foram as regiões mais populosas e desenvolvidas do Brasil, graças ao cultivo da cana-de-açúcar.

Enquanto as terras férteis próximas da costa estavam reservadas para o cultivo da cana-de-açúcar, o Sertão nordestino, onde se encontra o município de Campo Formoso, foi povoado a partir dos Séculos XVII e XVIII, graças a criação de gado.

Os interesses pelo interior levaram os colonizadores a organizar expedições chamadas “entradas” que partiam para o interior a fim de descobrirem minérios e pedras preciosas. Muitos colonos também iam para o interior, a fim de encontrar lugares adequados onde pudessem iniciar a criação de gado.

A história conta que algumas localidades, como é o caso da cidade de Campo Formoso, surgiu graças aos padres catequistas, que iam para o interior com a missão de ensinar os índios a religião católica.

1.2 Distribuição irregular da população
De maneira geral, a população campo-formosense se concentra na zona rural. Por razões históricas, o Domínio das Grotas, onde se encontra a sede do município e as minas de cromo corresponde a parte mais populosa do município, concentrado grandes povoados e distritos do município.

Encontram-se ai áreas de alta concentração demográfica como a cidade de Campo Formoso. O Domínio da Caatinga, entretanto, abriga menor número de habitantes, enquanto o Domínio dos Tabuleiros apresenta concentração intermediária. Poços é o distrito mais populoso, seguido por Lages.

1.3 Grande mão-de-obra disponível e migrações intensas
Grande parte da população campo-formosense vive em precárias condições socioeconômicas, sobrevive graças aos recursos obtidos de programas sociais do Governo Federal. Isso ocorre porque o município, apesar de possuir abundantes recursos naturais, é pouco desenvolvido, e essas pessoas sempre encontram dificuldades para conseguir trabalho. É por esse motivo, ao qual se soma a ocorrência das secas que Campo Formoso caracteriza-se por ser um município dispersor de mão-de-obra.

Essa migração se dá não somente para as áreas industrializadas do Sul e Sudeste, mas também para as áreas agrarias do Oeste da Bahia, Sudeste e  Centro-Oeste, sempre em busca de melhores condições de sobrevivência.

Em alguns lugares do município como Caraíbas e Lagoa do Porco o campo-formosense move-se também dentro do próprio município, migrando do Domínio das Grotas para a Zona da Caatinga. No período das chuvas de inverno fixa-se na Região de Caraíbas  onde planta e cria gado. Quando as chuvas de trovoada atingem o Domínio da Caatinga, retornam a Lagoa do Porco. Esse tipo de migração periódica pode ser chamado de movimento sazonal.

IX. A ECONOMIA

1. A economia na Zona das Grotas
O cultivo de feijão, milho, mandioca e a criação de gado bovino constituem atividades econômicas importantes desta zona. O extrativismo mineral é muito importante nessa área, com destaque para a exploração de cromo.

A atividade industrial desta zona esta concentrada na exploração mineral, alcançando assim uma posição importante na economia do município. A partir da mineração também são desenvolvidos trabalhos artesanais de excelente qualidade.

2. A economia da Zona dos Tabuleiros
Nos Tabuleiros predominam pequenas propriedades onde predomina a agricultura familiar. Pequenas lavouras associadas a criação de caprinos e bovinos fornecem sustento as famílias, cultiva-se milho, feijão, mandioca e sisal. A agricultura irrigada é um grande potencial no Vale do Salitre, com plantio de tomate, cebola, pimentão e frutas.

3. A economia da Zona da Caatinga
A área da Caatinga é a mais castigada  pelas adversidades do clima, as chuvas acontecem apenas no verão, são denominadas de trovoadas. Quando as secas são mais drásticas os habitantes são submetidos a limites mínimos de nutrição e resistência. Nas ultimas décadas as condições de sobrevivência da população tem melhorado, mesmo que de forma tímida, em função da perfuração de poços tubulares, construção de cisternas e a ampliação de redes de energia elétrica.

Desde os tempos coloniais a pecuária é a atividade econômica mais importante da Zona da Caatinga, e criam-se principalmente bovinos e caprinos. As condições do meio ambiente dificultam a atividade agrícola, mas permitem a prática de uma pecuária do tipo extensivo com o gado solto em meio à caatinga.

Apesar das adversidades do clima, a agricultura é outra atividade importante, nesta zona “plantar é uma questão de fé”. No entanto, as perspectivas de produção agrícola têm melhorado com a introdução de tecnologias que permitem o cultivo com sucesso mesmo em anos de secas mais drásticas.

O extrativismo vegetal é realizado principalmente com o aproveitamento do umbu e de fibras vegetais, o extrativismo mineral ocorre em minas de cristal de rocha, mármore e calcário.

A deficiência de transportes é um dos maiores entraves ao desenvolvimento da Zona da Caatinga, as estradas não apresentam boas condições de tráfego, sendo que a situação se agrava no período das chuvas, ficam praticamente intransitáveis.

X. PORQUE A SECA CAUSA TANTOS PROBLEMAS AO MUNICÍPIO DE CAMPO FORMOSO
A seca não é o problema mais grave de Campo Formoso. Embora haja no planeta outras áreas com problemas idênticos, há também regiões que apesar de muito áridas, contam com excelente produção agrícola.
Foto: Catavento para extração de água subterrânea
Então, a seca apenas agrava os problemas socioeconômicos já existentes. Para resolver os problemas é preciso buscar suas causas e aplicar planos para diminuí-la.

O desenvolvimento do município de Campo Formoso é dificultado por alguns fatores. Os principais são mão-de-obra em geral com baixa qualificação, falta de uma infraestrutura eficiente e baixo poder aquisitivo de seus habitantes.

Mas a causa número um que impede o desenvolvimento de Campo Formoso é a má distribuição de renda e das terras agrícolas: de um lado, grandes fazendas, pertencentes a poucos proprietários; de outro, muitos lavradores sem terra, que sobrevivem em condições precárias, principalmente quando a seca é prolongada.

Diante disso, é preciso que haja uma distribuição de terras mais justa; oferecer ao agricultor orientação especializada, condições de plantio e oportunidades para irrigar suas propriedades. Além disso, é necessário fornecer condições eficazes para escoar e garantir preços justos para sua produção.

REFERÊNCIAS
Nápravník, Leonardo Aquino Pires. Características geoquímicas, petrográficas e metalogenéticas dos flogopititos de carnaíba e Socotó Universidade Federal da Bahia Instituto de Geociências. Bahia. Salvador 2011.

Brito, Verônica Santos. Vulnerabilidade natural à contaminação de Aquíferos no município de Campo Formoso – Bahia. Universidade federal da bahia. Instituto de geociências. Curso de geologia. Salvador, 2013

FREITAS, Edith Alves de A.; SILVA, José Freitas da. História da Freguesia Velha de Santo Antônio Campo Formoso. 2. ed. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2004.

RAIMUNDO, Almeida Filho**, Francisco J. F. Ferreira** , Francisco V. Da Silva** & Paulo Veneziani*.Contribuição Ao Estudo Do Complexo Máfico/Ultramáfico De Campo Formoso Usando Sensoriamento Remoto E Dados Aeromagnéticos. Revista Brasileira de Geociências. junho de 1999. Disponível em: http://sbgeo.org.br/pub_sbg/rbg/vol29_down/2902/2902203.pdf. Acesso em 24 de dezembro de 2012.


SEBRAE. Plano de Desenvolvimento Municipal – Campo Formoso. Envelope & Cia, Salvador, 1998.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

MARACUJÁ DE BOI (Passiflora Cincinata)

 
Nas áreas de floresta estacional, cerrados e caatingas campoformosenses encontrarmos um fruto com casca esverdeada e polpa branca, onde se escondem dezenas de sementes. A esse fruto damos o nome de Maracujá de boi. Ele é amplamente conhecido por Maracujá da caatinga (Passiflora cincinnata) e ainda como Maracujá-mochila, Maracujá do Mato e Maracujá-tubarão.

A planta que o produz é de natureza perene e resistente à seca, sobrevivendo em condições de absoluta estiagem. Pertence à família Passifloraceae e apresenta ampla distribuição na América do Sul, sendo registrada do leste do Brasil até o oeste da Bolívia, ocorrendo em principalmente na caatinga, mas também encontrada em floresta estacional e cerrado.

A fruta tem alto valor nutritivo, de efeito calmante e relaxante. O fruto é extremamente saboroso e perfumado. É uma rica fonte de potássio, ferro, fósforo, cálcio e vitaminas A, C e do complexo B. A combinação de nutrição com sabor e aroma fazem do maracujá de boi matéria-prima para produção de produtos como sucos, polpas, geleias e sorvetes.

Trepadeira alta subarbustiva volúvel, medindo de 2 a 12m comprimento; ramos cilíndricos ou subangulosos, 0,5-1 cm de largura, glabro, com gavinhas espiraladas estriados, com estípulas filiformes, persistentes. Folhas simples, alternas; lâmina 5-10 x 2-4 cm, elíptica a oval-elíptica, cartácea, 3-5-palmada; pecíolo cilíndrico, 1-5 cm de comprimento, com 2 glândulas nectaríferas basais. Inflorescências axilares, solitárias. 

Possui flores vistosas, monoclinas pentâmeras; cálice actinomorfo, sépalas livres, oblongas a lanceoladas, 2,5-3 cm comprimento; corola actinomorfa, púrpura a roséa, pétalas livres, oblongo- lanceoladas, 3,54 cm comprimento, com uma corona de filamentos, multisseriada, cerúlea, rósea a púrpura. Fruto baga, ovóide, 5-6 x 3-4 cm. Sementes inúmeras, ovais, foveoladas, negras, medindo 6 x 3 mm. 

Por apresentar floração praticamente ao longo de todo o ano, esta espécie pode ser considerada como uma fonte constante de néctar e pólen para as abelhas da Caatinga. Suas flores são visitadas frequentemente por abelhas, vespas, mariposas e beija-flores.

REFERENCIAS
SLOW FOOD BRASIL. Maracujá da Caatinga. Disponível em: http://www.slowfoodbrasil.com/arca-do-gosto/produtos-do-brasil/440-maracuja-da-caatinga. Acesso em 20 de Junho de 2016.
CERRATINGA. Maracujá da Caatinga. Disponível em:  http://www.cerratinga.org.br/maracujadacaatinga/. Acesso em 20 de Junho de 2016.
NATUREZA BELA. Maracujá do Mato - Passiflora cincinnata. Disponível em:  http://belezadacaatinga.blogspot.com.br/2014/01/maracuja-do-mato-passiflora-cincinnata.html. Acesso em 20 de Junho de 2016.



segunda-feira, 27 de julho de 2015

CAMPO FORMOSO – TERRA DE MUITOS MINÉRIOS

Monumento: Praça dos Minérios
O município de Campo Formoso possui em seu subsolo uma imensa riqueza mineral. A geologia revela a existência de rochas graníticas, jazidas de cristal de rocha, cromo, calcário, pedras preciosas e semipreciosas. Há reservas de esmeralda, calcita, citrine, ametista e mármore.

A busca e extração de minérios em Campo Formoso são antigas. A povoação que deu origem a cidade de Campo Formoso surgiu na época da colonização das terras do interior do Brasil colônia, período em que bandeirantes baianos buscavam minas de ouro e prata. De acordo com os historiadores Edith Alves e José Freitas, o ouro foi explorado numa velha mineração que fica próximo ao povoado de Santo Antônio.

O Salitre foi extraído no Pacuí, este minério era transportado em lombo de burros para o porto da Bahia e lá seguia para Portugal. Do salitre extraia-se a pólvora utilizada na indústria da guerra. Na época da Segunda Guerra Mundial deu-se início da exploração de cristal de rocha, utilizado pela indústria bélica Norte-Americana.

O cromo é extraído no complexo máfico/ultramáfico de Campo Formoso, onde se encontra uma as mais importantes mineralizações desse mineral conhecidas no Brasil. A primeira mina de cromo foi registrada em 1935, sendo que a lavra aconteceu a partir de 1962. 
O calcário usado para a fabricação de cimento é explorado numa imensa jazida localizada nas proximidades do povoado de Tiquara. A fábrica de Cimento de Campo Formoso iniciou a sua atividade em 1976.

Em 1983 foi descoberta uma mina de esmeraldas na Fazenda Piabas, posteriormente se tornou o Garimpo do Socotó, uma área de produção de esmeralda bruta lapidável. No local foram extraídas esmeraldas reconhecidas como de melhor qualidade, em comparação com outros garimpos de esmeraldas do Brasil.

Os nossos cristais são pedras raras e belas, que se tornam ainda mais especiais com o trabalho dos artesãos da cidade. São produzidas estatuetas, joias, objetos de decoração e adereços feitos em sua maioria com os minerais de Campo Formoso. Os trabalhos, produzidos  já foram expostos em feiras internacionais e dão notoriedade ao município.

O comércio de pedras preciosas e semipreciosas, oriundas dos garimpos de Campo Formoso e de outros pontos do Brasil é realizado especialmente na “Feira do Rato”, no centro da cidade. Lá ocorre o conhecido "rolo", ou seja, a troca de pedras por televisores, celulares, casas, propriedades rurais, automóveis, entre outros. A "feira do rato" surgiu com a descoberta das minas em Carnaíba, a 42 km de Campo Formoso. Os garimpeiros costumavam se encontrar nesse local porque era de fácil acesso para os compradores e por lá existir bares e restaurantes. Devido ao intenso comércio de esmeraldas a cidade é conhecida como “Cidade das Esmeraldas”.

A extração, beneficiamento e comercialização dos recursos minerais são atividades importantes para a economia no município de Campo Formoso, no entanto é preciso compreender que a mineração, evidentemente, causa um impacto ambiental considerável. Ela altera intensamente a área minerada e as áreas vizinhas, onde são feitos os depósitos de estéril e de rejeito.  

È preciso que os órgãos ambientais, as empresas mineradoras, garimpeiros e a sociedade civil trabalhem de maneira conjunta para que a maneira de  explorar os  nossos minérios ocorra em consonância com legislação vigente e venha a promover o tão sonhado desenvolvimento sustentável.

REFERENCIAS

Exploração da cromita em Campo Formoso (BA) compromete qualidade de vida das comunidades. http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=176.
Riquezas minerais e naturais de Campo Formoso são tema de mais uma reportagem da Rede Globo. http://www.campoformosonoticias.com/v4/2015/02/riquezas-minerais-e-naturais-de-campo-formoso-sao-tema-de-mais-uma-reportagem-da-rede-globo/
FREITAS, Edith Alves de A.; SILVA, José Freitas da. História da Freguesia Velha de Santo Antônio Campo Formoso. 2. ed. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2004.
Análise das técnicas aplicadas para recuperação de áreas degradadas pela mineração na região de Campo Formoso-Ba. CARVALHO, L.P, 2014. http://www.augustogalvao.edu.br/wp-content/uploads/Monografia-de-Leonardo-Pereira.pdf
RAIMUNDO, Almeida Filho**, Francisco J. F. Ferreira** , Francisco V. Da Silva** & Paulo Veneziani*.Contribuição Ao Estudo Do Complexo Máfico/Ultramáfico De Campo Formoso Usando Sensoriamento Remoto E Dados Aeromagnéticos. Revista Brasileira de Geociências. junho de 1999. Disponível em: http://sbgeo.org.br/pub_sbg/rbg/vol29_down/2902/2902203.pdf. Acesso em 24 de dezembro de 2012.



sábado, 21 de março de 2015

CAMPO FORMOSO: PROBLEMAS E PERSPETIVAS

Região de Tiquara
Por estar na zona semiárida do Nordeste brasileiro, poderíamos afirmar que os principais problemas socioeconômicos do município de Campo Formoso advenham da ocorrência das secas, no entanto, a sua área territorial, correspondente a 7.258,676 km2, onde residem mais de 66.616 habitantes segundo o censo 2010 do IBGE, apresenta um grande potencial econômico dado às inúmeras riquezas naturais.

A sua economia tem como base produtiva à mineração e atividades produtivas afins, ao lado da agropecuária, a economia municipal desfruta de uma situação privilegiada em relação a outras economias da região do semiárido, pois se beneficia além das receitas e empregos gerados pela agropecuária, daqueles gerados pelo setor industrial e dos segmentos uniformes de comercialização de pedras, de lapidação e artesanato.

Apesar de possuir inúmeras riquezas naturais e um povo de cultura rica apresenta muitos problemas socioeconômicos, especialmente no interior do município.  Podemos afirmar que o desenvolvimento do município de Campo Formoso é dificultado por vários fatores. Os principais são mão de obra em geral com baixa qualificação, falta de uma infraestrutura eficiente e má distribuição de renda e das terras agrícolas

Grande parte desses problemas socioeconômicos poderia ser amenizada com a introdução de políticas publicas que possibilitem o melhor uso dos recursos existentes. Essa evidencia indica a necessidade de reestruturação e fomento à agricultura, através de recorrência a processos de adaptação ao quadro de adversidade que poderá atenuar o impacto da seca e facilitar o acesso ao crédito.

Observando a realidade atual e o Plano de Desenvolvimento Municipal de Campo Formoso do ano 1998 realizado pelo SEBRAE, verifica-se que é necessário a construção de obras de infraestrutura como pavimentação e melhoria de estradas, açudes, barragens, poços tubulares, cisternas de produção e a institucionalização mais eficaz da assistência técnica e creditícia aos pequenos e médios produtores. Além do mais é preciso que se implante uma central de abastecimento de alimentos no município.  

No que se refere ao setor industrial é necessário que se implante indústrias de beneficiamento do sisal,             de alimentos e de transformação mineral. É necessária a Implantação de frigoríficos para beneficiamento de carnes eindústrias para beneficiamento de leite.

Na área de comércio e serviços é preciso implantar uma infraestrutura capaz de alavancar o turismo em especial o ecológico. Vale ressaltar a necessidade de investimentos para a manutenção e preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural do município, como por exemplo, a ampliação, restauração e revitalização do centro cultural.

Intervenções em saneamento ambiental são imprescindíveis para a melhoria da qualidade de vida da população campo-formosense, tais como: Melhoria do sistema de abastecimento de água em todo o município, inclusive com a construção de sistemas de tratamento de água; Desenvolvimento de programas para preservação e proteção de nascentes e mananciais; Construção e melhoria de redes e estações de tratamento de água; Construção de aterro sanitário para atender a sede municipal e adjacências; Construção de aterros sanitários simplificados para atender localidades mais distantes; Implantação de um programa de coleta seletiva que permita uma segregação e destinação correta dos resíduos.

Face aos dados apresentados podemos afirmar que a seca não é o problema mais grave de Campo Formoso, ela apenas agrava os problemas socioeconômicos já existentes. Para resolvê-los é preciso buscar suas causas e aplicar planos para diminuí-la.

REFERÊNCIAS
SEBRAE. Plano de Desenvolvimento Municipal – Campo Formoso. Envelope & Cia, Salvador, 1998.
SRH/ PEACS/ DAMICOS. 2002. Cenário Socioeconômico e Ambiental da Bacia do Alto e Médio Itapicuru, Bahia, Brasil.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL CAMPO-FORMOSENSE E SUA PARTICIPAÇÃO NO CONSELHO DE MEIO AMBIENTE


INTRODUÇÃO
Esse trabalho, construído em 2010, foi apresentado a Faculdade de Tecnologia SENAI CETIND como avaliação da Disciplina Governança Pública do Curso “Gestão Ambiental Compartilhada e Governança Pública”. 

1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS GRUPOS SOCIAIS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS DE DIÁLOGO E DECISÃO

A participação popular na gestão de projetos e programas governamentais não é recente, nos últimos dez anos, a maior parte dos programas e projetos governamentais tem exigido algum tipo de participação da sociedade. Isso levou a sociedade brasileira, cada vez mais, a querer conhecer e debater as políticas, planos e programas de desenvolvimento, previamente à tomada de decisão pelo Poder Público (PAULA, 2005; PENA, et all, 2006).

Para obter esse nível de participação, é preciso adotar estratégias de planejamento e gestão compartilhada. Tais estratégias permitem, através da experiência prática, o aprendizado necessário para que ela seja capaz de identificar potencialidades, oportunidades, vantagens comparativas e competitivas, problemas, limites e obstáculos ao seu desenvolvimento, a partir dos quais poderá escolher vocações, estabelecer metas, definir estratégias e prioridades, monitorar e avaliar resultados (PAULA, 2005).

Apesar de ser um processo visivelmente democrático, onde o poder público busca a maior participação possível dos grupos sociais, em Campo formoso, o envolvimento popular nos espaços de diálogo e decisão ainda é pequeno. A maior parte da população ainda não compreendeu que a gestão compartilhada é uma conquista da sociedade, uma forma de radicalizar a democracia. A comunidade precisa acreditar em si mesma, na sua própria força e capacidade de realização.

No processo de mobilização para a sensibilização da sociedade local, são promovidas reuniões e exposições com a participação de membros de diferentes grupos que compõem o tecido social local. Mobilizar consiste no primeiro momento de um longo processo em direção à gestão do meio ambiente do município. É o processo através do qual se busca atingir todos os seguimentos da sociedade (IBAMA/MMA, 2006; PAULA, 2005). Nessa etapa são utilizados os meios de comunicação de massa e convites impressos. É o momento utilizado para conversar sobre o porquê da existência dos conselhos e o papel que estes exercerão no município. Momento que se identifica pessoas e grupos interessados em integrar tais espaços de diálogo e decisão.

A composição dos conselhos de Campo Formoso é sempre paritária, apresentando em igualdade numérica representantes do poder público e da sociedade civil organizada. Fazem parte dos conselhos representantes das secretarias municipais, de entidades filantrópicas, agentes de saúde, representantes de entidades religiosas, de entidades ambientalistas, de entidades representativas do empresariado, entre outros. A presidência dos conselhos, em geral, é exercida por uma pessoa designada a representar o executivo municipal.

Após a identificação de pessoas e grupos interessados, o executivo municipal nomeia e dar posse aos integrantes dos conselhos e a seus respectivos suplentes. Esse ato é legalmente estabelecido com um decreto de nomeação. Na seqüência ocorre à escolha de quem deverá exercer a presidência e as reuniões mensais.

É importante mencionar que a população tem sido chamada para participar da gestão pública, no entanto, o produto nem sempre é o esperado. Muitos são chamados, poucos se dispõem para esse exercício de democracia, educação para a cidadania e convívio entre os diferentes setores da sociedade. O resultado disso é uma grande quantidade de conselhos são formados basicamente com as mesmas pessoas, as quais não conseguem atender a todos de maneira satisfatória. Além disso, a pouca efetividade das reuniões e das ações contribuem muito para a pouca presença (quorum) nas reuniões.

2. PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO CONSELHO DE MEIO AMBIENTE

A proteção da natureza é tema de compromissos nacionais e mundiais. Um arcabouço legal, no Brasil, regulamenta e orienta a gestão do meio ambiente. Em campo Formoso, a Lei Municipal nº 18, de 28 de junho de 2004 institui o Código Municipal de Meio Ambiente do município. Essa lei regula a ação do Poder Público Municipal e sua relação com os cidadãos, instituições públicas e privadas na preservação, conservação, defesa, melhoria, recuperação para um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de natureza difusa e essencial à sadia qualidade de vida.

Em seu artigo 7(sete) a lei institui o Sistema Municipal de Meio Ambiente e traz como órgão central o Departamento de Meio Ambiente - hoje ligado a Secretaria de Agricultura -  e como órgão deliberativo e consultivo, o Conselho Municipal de Meio Ambiente – COMAM .

De acordo com a lei, O COMAM é órgão colegiado autônomo de caráter consultivo, deliberativo, normativo da política ambiental no município. Deve realizar sessões plenárias, permitindo a manifestação oral dos representantes do órgão, entidades e empresas ou autoridades.

O conselho tem composição paritária entre poder público e sociedade civil. São dez membros, sendo cinco representantes do poder público designados pelo executivo e cinco representantes da sociedade civil, pertencentes aos quadros de entidades governamentais e não governamentais. A presidência do conselho é designada pelo executivo municipal, o Secretário Municipal de Agricultura é o presidente atual.

Participam do COMAM, representantes de:
Ø  Secretarias de agricultura, saúde, educação e de obras;
Ø  Entidades ambientalistas;
Ø  Entidades representativas do empresariado.

A participação é maior no segmento poder público, a sociedade civil, em suas diversas formas de apresentação, não mantém compromisso assumido quando da formação do conselho, há dias em que as reuniões não acontecem por falta de quorum.

As atribuições do COMAM são:
  1. Contribuir na formulação da política ambiental e de desenvolvimento cientifico e tecnológico do município;
  2. Aprovar o plano de ação ambiental do Departamento Municipal de Meio Ambiente – DEMA e acompanhar sua execução;
  3. Aprovar as normas, critérios, padrões, parâmetros e índices de qualidade ambiental;
  4. Conhecer os processos de licenciamento ambiental no município, estabelecendo, se entender conveniente, exigências e recomendações;
  5. Apreciar quando solicitado pelo DEMA ou formalmente solicitado por um dos seus membros, termos de referencia e estudos prévios de Impacto Ambiental;
  6. Analisar propostas de projetos de lei de relevância ambiental;
  7. Propor e incentivar ações de Educação Ambiental;
  8. Elaborar e aprovar o seu regimento interno;

A criação do COMAM se deu por meio da lei já mencionada, mediante iniciativa do Poder Executivo municipal, conforme os passos expostos no quadro abaixo:




1º Mobilização
Ø  Convite na rádio local;
Ø  Cartas convite para representantes do poder público e representantes da sociedade civil;
Ø  Reuniões para identificar pessoas e grupos interessados em integrar o órgão;

2º Nomeação de conselheiros e conselheiras
Ø  Posse pelo poder executivo municipal dos integrantes do conselho e a seus respectivos suplentes;
Ø  Eleição para escolha do presidente e vice.


3º Criação e aprovação do regimento interno
Ø  Discussão do regimento interno do conselho.
Ø  Aprovação do regimento interno do conselho.

4º Reuniões periódicas
Ø  Reuniões mensais.

A prefeitura procura fornecer as condições para o bom funcionamento do Conselho municipal de Meio Ambiente por meio do Departamento de Meio Ambiente, no entanto são visíveis as dificuldades que esse conselho enfrenta. O Órgão Municipal de Meio Ambiente ainda não possui uma capacidade técnica suficiente para dar o apoio necessário, especialmente no que se refere à presença de técnicos e profissionais aptos para dar o suporte exigido para o desenvolvimento das atividades.

3. REFERÊNCIAS
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DE RECURSOS RENOVÁVEIS.  Programa Nacional de capacitação de Gestores Ambientais. Cadernos de Formação Volume 1: Política Nacional de Meio Ambiente. Volume 2: Como estruturar o Sistema Municipal de Meio Ambiente. / Ministério do Meio Ambiente- Brasília: MMA, 2006 Porto Alegre, 2000.
PAULA, Juarez de. Desenvolvimento & gestão compartilhada. 13 de junho/2005. Disponivel em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/be76a0d0f1ecbeff832574b0004bc066/3093035ca1cc0d4c83257640006a272e/$FILE/NT00042956.pdf. Acesso em 01 de Junho de 2010.
PENA, Dilma Seli; TEIXEIRA, Izabella; PACHECO, Ana Maria. “O desenvolvimento sustentável e as questões ambientais”. Workshop realizado em 9 de março de 2006. São Paulo, SP. Disponível em: