INTRODUÇÃO
O
Rio gameleira encontra-se totalmente inserido no município de Campo Formoso,
Estado da Bahia. Pertence a bacia do Rio Itapicuru e recebe córregos que nascem
na Serra da Jacobina. Corta uma área de intensa exploração mineral,
agropecuária e industrial. Ao passar próxima a cidade de Campo recebe um grande
fluxo de esgotos.
A
sua mata ciliar sofreu intensa atividade antrópica. Há apenas pequenos
fragmentos de capoeira em meio a áreas de pastagens, pequenas lavouras e
chácaras. No seu curso há três barragens de médio porte usadas para atividade
de mineração e algumas pequenas barragens utilizadas para a criação de gado.
É
preocupante o grau de erosão e assoreamento desse rio, portanto, faz-se
necessário o conhecimento aprofundado desses processos visando a recuperação da
mata ciliar desse curso d’água, com o intuito de criar condições favoráveis
para melhoria da qualidade e do volume da água.
REFERENCIAL
TEÓRICO
A
relação do homem com a floresta foi sempre cheia de conflitos. Florestas e
matas eram consideradas barreiras para o desenvolvimento humano. A modernidade
exigia a retirada de florestas para dar lugar à agricultura, a pecuária e a
expansão das cidades (RIZZO, 2007).
Os
recursos florestais foram suprimidos para produção de lenha e carvão vegetal para
produção de energia para as indústrias, madeira para fabricação de móveis e
utensílios, forragem, plantas medicinais e artesanato. Em muitas regiões a
exploração foi tão intensa que, para reverter o processo de degradação, é
necessário os plantios florestais (SENA, 2008).
Nesse
contexto encontra se a mata ciliar, cobertura vegetal que cresce ao logo das
margens dos rios, córregos, lagos, lagoas, olhos d’água, represas e nascentes.
É assim chamada devido à semelhança com os cílios dos olhos. É comum o desrespeito
a mata ciliar que é devastada pelas queimadas, pelos desmatamentos para a
expansão da agricultura e pecuária. Sua principal função é proteger esses
recursos hídricos. (LEANDRO & VIVEIROS, 2003).
A
discussão referente à conservação e recuperação dessa formação vegetal no
Brasil é recente e tem gerado amplas discussões no que tange a aspectos
técnicos, científicos, conservacionistas e de legislação. Devido sua
importância para a conservação da biodiversidade e manutenção do equilíbrio de
ecossistemas aquáticos e terrestres foram incluídas no Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA (NUNES & PINTO, 2007). As matas
ciliares podem ser utilizadas como áreas de preservação permanente, as quais
possuem previsão no art. 3º, II da Lei 12651/2012.
Matas
ciliares se forem bem conduzidas e integradas a outros fragmentos desempenham
papel importante na formação dos corredores de fluxo gênico, interligando
populações vegetais que foram separados pelo processo de fragmentação. Essas
formações vegetais contribuem para a estabilização das margens dos corpos
d’água, filtram de nutrientes e produtos químicos, absorvem a radiação solar,
além de fornecerem abrigo e alimento para a fauna aquática e terrestre (REYS, et al 2005). Durante seu crescimento, absorvem e
fixa dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças
climáticas que afetam o planeta.
O processo
de recuperação de matas ciliares requer a utilização de princípios ecológicos e
silviculturais advindos do conhecimento cientifico para nortear e definir
modelos de recuperação. Uma manutenção eficiente proporcionará uma melhor
proteção dessas áreas, darão condições para que o meio se encarregue da
continuidade dos processos, pode-se dizer que a natureza fica responsável pelos
ajustes mais apurados. Para a eficiência desse processo a vegetação a ser
recomposta deverá ser heterogênea, com espécies nativas de fragmentos
provenientes da área onde ocorrerá a recuperação, sendo assim necessário (LIMA, et al 2009).
Para
a execução de um bom manejo e recuperação é necessário o conhecimento do
ambiente físico, biológico e humano. São relevantes informações referentes ao
solo, hidrologia, relevo, remanescentes de vegetação nativa, uso da terra,
histórico da ocupação humana e o conhecimento empírico local. Essas informações
são úteis para estabelecer as ações para a recuperação e o manejo ambiental
adequado (NUNES & AMP; PINTO, 2007).
Em algumas situações,
técnicas simples podem ser aplicadas para a recuperação, isso ocorre quando há
áreas em que a própria dinâmica do ecossistema é auto- suficiente para a
regeneração natural. No Brasil, são raros os ambientes irrecuperáveis pela
dinâmica natural da vegetação. O que varia é o tempo necessário para a
regeneração. Desta forma é necessário avaliar as causas relativas ao processo
de degradação e as condições do meio para a aplicação de uma metodologia
adequada para a recuperação (CAZARRÉ, 2006).
Segundo Attanasio (2008, p. 08):
Restaurar matas ciliares é restaurar a integridade ecológica desse ecossistema,
sua biodiversidade e sua estabilidade, ao longo prazo, enfatizando e promovendo
a capacidade natural de mudança ao longo do tempo. O sucesso das propostas de restauração
de matas ciliares esta baseado no restabelecimento dos processos ecológicos
responsáveis pela reconstrução gradual da floresta e esse restabelecimento
depende da presença de elevada diversidade de espécies regionais envolvendo não
apenas as arvores, mas também as demais formas de vida vegetal, os diferentes
grupos da fauna e suas interações com a flora.
O
trabalho de recuperação de matas ciliares é urgente. Todo esforço e estudo são
importantes para a melhoria da qualidade ambiental e da vida como um todo,
tanto humana como animal, vegetal ou outra.
ALGUNS PROCEDIMENTOS PARA RECUPERAÇÃO
DO RIO GAMELEIRA
O Rio Gameleira encontra-se inteiramente na parte leste do
município de Campo Formoso, em um vale que contorna a Serra da Jacobina. Tem
sua nascente na Fazenda Santo Antonio a 24 km da cidade de Campo Formoso, com
um curso de 27 km. Dentre os seus tributários destacam-se os córregos Santo
Antonio, Coitezeiro, corisco e Prazeres. Une-se ao Rio Sucesso formando o Rio
Água Branca que deságua no Rio Aimpim, afluente do Itapicuru-açú. Sua mata
ciliar foi e continua sendo altamente impactada pelas atividades agrícolas,
pecuária e extrativismo mineral. Esses impactos têm contribuído no
desenvolvimento de processos de assoreamento, erosão e contaminação.
Para a recuperação da mata ciliar do Rio Gameleira será
necessário, a principio, desenvolver um estudo do local. A coleta de
informações se dará a partir de entrevistas. Para analisar este caso é necessária a compreensão da
responsabilidade dos agentes envolvidos no processo, como empresas mineradoras,
proprietários rurais, prefeitura, órgãos governamentais ligados ao meio
ambiente (Secretarias, departamentos), universidades, ONGs e a sociedade como
um todo. A ação desses agentes poderá construir uma dinâmica em defesa da
recuperação da formação vegetal em estudo e de outras.
O objetivo do estudo é conseguir informações sobre a
importância de recuperar a mata ciliar do Rio Gameleira, visando essencialmente
fornecer dados para subsidiar um projeto de recuperação deste recurso
florestal.
Para obtenção de dados serão realizadas entrevistas com membros
das comunidades ligadas diretamente a área onde se encontra a mata ciliar do
Rio Gameleira. O conhecimento local obtido será comparado ao conhecimento
cientifico existente.
Serão necessários estudos referentes à botânica fitossociologia e
ecologia da paisagem. Esses estudos poderão ser realizados com o apoio técnico
de empresas, prefeitura, Departamento de Meio Ambiente e universidades da
região mediante as parcerias que serão solicitadas.
É necessário estudar a topografia, o regime hídrico, o solo, a
fertilidade natural, a presença de processos erosivos, atividades antrópicas
circunvizinhas, clima, presença de pragas e capacidade de regeneração natural e
o potencial econômico pôs-recuperação para orientação referente as atividades sustentáveis que poderão ser
realizadas na área.
Após o levantamento de dados bibliográficos, empíricos e técnicos
será construído o documento contendo as informações que serão transmitidas para
a sociedade e demais agentes interessados.
REFERÊNCIAS
ATTANÁSIO, C.M. Manual Técnico: Restauração e
Monitoramento da Mata Ciliar e da reserva Legal para a Certificação Agrícola -
Conservação da Biodiversidade na Cafeicultura / Cláudia Mira Attanasio -
Piracicaba, SP: Imaflora, 2008.60 p.
DURING, G. &
SIVEIRA, E.R. Recomposição da mata ciliar
em domínio de cerrado, Assis, SP. Scientia Florestalis,
n.56, p.135 - 144,
dez,1999.
RIZZO, M.R. A
recomposição da matas ciliares – Um bom exemplo que vem de Pedro Gomes (MS). Revista
Eletronica da Associação dos Geografos Brasileiros, Três Lagoas - MS, V 1,
n. 6, p.103 - 125, 04, nov, 2007.
CAZARRÉ,
M. RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES. 11, jul, 2006.
Disponível
em: < http://www.engormix.com/recuperacao_matas_ciliares_p_artigos_37.htm> Acesso
em 24 de dezembro de 2009.
INGÁ –
INSTITUTO DE GESTÃO DAS ÁGUAS E CLIMA. Conerh aprova programa para recuperação de mata ciliar na
Bahia. 02, JUN, 2009. Endereço
eletrônico: endereço. Acesso.
LEANDRO, M.D & VIVEIROS, C.A.F. Mata ciliar área de
reserva permanente. Linha Direta, n.
226, p. 18, maio, 2003.
LIMA, J.A. & SANTANA, D.G.; NAPPO,
M.E.Comportamento inicial de espécies na revegetação de mata galeria na Fazenda
Mandaguari, em Indianopolis, MG. Revista Árvore, Viçosa, V 33, n.4,
jul/ago, 2009.
NUNES,F.P. & PINTO, M.T.C. Conhecimento
local sobre a importância de um reflorestamento ciliar para a conservação
ambiental do Alto São Francisco, Minas Gerais.Biota Neotropica. Campinas, V 7, n. 3,18, out, 2007.
Disponível em: < http://www.scielo.com.br/scielo.php?pid=S1676-06032007000300019&script=sci_arttext&ting=em>
Acesso em 24 de dezembro de 2009.
REYS, P. & GALETTI, M.;MORELLATO,
L.P.C.;SABINO, J. Fenologia reprodutiva e disponibilidade de frutos de espécies
arbóreas em mata ciliar no rio Formoso, Mato Grosso do Sul. Revista árvore,
Viçosa, V 29, n. 1, jan/fev, 2005.
SENA, C.M.
Sementes florestais: Colheita, beneficiamento
e armazenamento. Natal: MMA, 2008.
Aplicabilidade do Código
Florestal na Preservação da Mata Ciliar. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/31044/a-aplicabilidade-do-codigo-florestal-na-preservacao-da-mata-ciliar#ixzz3Q54HKSLr. Acesso em 28 de janeiro de 2014.
* Trabalho apresentado no meu curso de especialização.
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