quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

CONHECIMENTO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA RECUPERAÇÃO DA MATA CILIAR DO RIO GAMELEIRA, CAMPO FORMOSO, BAHIA.


INTRODUÇÃO
O Rio gameleira encontra-se totalmente inserido no município de Campo Formoso, Estado da Bahia. Pertence a bacia do Rio Itapicuru e recebe córregos que nascem na Serra da Jacobina. Corta uma área de intensa exploração mineral, agropecuária e industrial. Ao passar próxima a cidade de Campo recebe um grande fluxo de esgotos.

A sua mata ciliar sofreu intensa atividade antrópica. Há apenas pequenos fragmentos de capoeira em meio a áreas de pastagens, pequenas lavouras e chácaras. No seu curso há três barragens de médio porte usadas para atividade de mineração e algumas pequenas barragens utilizadas para a criação de gado.

É preocupante o grau de erosão e assoreamento desse rio, portanto, faz-se necessário o conhecimento aprofundado desses processos visando a recuperação da mata ciliar desse curso d’água, com o intuito de criar condições favoráveis para melhoria da qualidade e do volume da água.
                              
REFERENCIAL TEÓRICO
A relação do homem com a floresta foi sempre cheia de conflitos. Florestas e matas eram consideradas barreiras para o desenvolvimento humano. A modernidade exigia a retirada de florestas para dar lugar à agricultura, a pecuária e a expansão das cidades (RIZZO, 2007).

Os recursos florestais foram suprimidos para produção de lenha e carvão vegetal para produção de energia para as indústrias, madeira para fabricação de móveis e utensílios, forragem, plantas medicinais e artesanato. Em muitas regiões a exploração foi tão intensa que, para reverter o processo de degradação, é necessário os plantios florestais (SENA, 2008).

Nesse contexto encontra se a mata ciliar, cobertura vegetal que cresce ao logo das margens dos rios, córregos, lagos, lagoas, olhos d’água, represas e nascentes. É assim chamada devido à semelhança com os cílios dos olhos. É comum o desrespeito a mata ciliar que é devastada pelas queimadas, pelos desmatamentos para a expansão da agricultura e pecuária. Sua principal função é proteger esses recursos hídricos. (LEANDRO & VIVEIROS, 2003).

A discussão referente à conservação e recuperação dessa formação vegetal no Brasil é recente e tem gerado amplas discussões no que tange a aspectos técnicos, científicos, conservacionistas e de legislação. Devido sua importância para a conservação da biodiversidade e manutenção do equilíbrio de ecossistemas aquáticos e terrestres foram incluídas no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA (NUNES & PINTO, 2007). As matas ciliares podem ser utilizadas como áreas de preservação permanente, as quais possuem previsão no art. 3º, II da Lei 12651/2012.

Matas ciliares se forem bem conduzidas e integradas a outros fragmentos desempenham papel importante na formação dos corredores de fluxo gênico, interligando populações vegetais que foram separados pelo processo de fragmentação. Essas formações vegetais contribuem para a estabilização das margens dos corpos d’água, filtram de nutrientes e produtos químicos, absorvem a radiação solar, além de fornecerem abrigo e alimento para a fauna aquática e terrestre (REYS, et al  2005). Durante seu crescimento, absorvem e fixa dióxido de carbono, um dos principais gases responsáveis pelas mudanças climáticas que afetam o planeta.

O processo de recuperação de matas ciliares requer a utilização de princípios ecológicos e silviculturais advindos do conhecimento cientifico para nortear e definir modelos de recuperação. Uma manutenção eficiente proporcionará uma melhor proteção dessas áreas, darão condições para que o meio se encarregue da continuidade dos processos, pode-se dizer que a natureza fica responsável pelos ajustes mais apurados. Para a eficiência desse processo a vegetação a ser recomposta deverá ser heterogênea, com espécies nativas de fragmentos provenientes da área onde ocorrerá a recuperação, sendo assim necessário (LIMA, et al  2009).

Para a execução de um bom manejo e recuperação é necessário o conhecimento do ambiente físico, biológico e humano. São relevantes informações referentes ao solo, hidrologia, relevo, remanescentes de vegetação nativa, uso da terra, histórico da ocupação humana e o conhecimento empírico local. Essas informações são úteis para estabelecer as ações para a recuperação e o manejo ambiental adequado (NUNES & AMP; PINTO, 2007).

Em algumas situações, técnicas simples podem ser aplicadas para a recuperação, isso ocorre quando há áreas em que a própria dinâmica do ecossistema é auto- suficiente para a regeneração natural. No Brasil, são raros os ambientes irrecuperáveis pela dinâmica natural da vegetação. O que varia é o tempo necessário para a regeneração. Desta forma é necessário avaliar as causas relativas ao processo de degradação e as condições do meio para a aplicação de uma metodologia adequada para a recuperação (CAZARRÉ, 2006).

Segundo Attanasio (2008, p. 08): Restaurar matas ciliares é restaurar a integridade ecológica desse ecossistema, sua biodiversidade e sua estabilidade, ao longo prazo, enfatizando e promovendo a capacidade natural de mudança ao longo do tempo. O sucesso das propostas de restauração de matas ciliares esta baseado no restabelecimento dos processos ecológicos responsáveis pela reconstrução gradual da floresta e esse restabelecimento depende da presença de elevada diversidade de espécies regionais envolvendo não apenas as arvores, mas também as demais formas de vida vegetal, os diferentes grupos da fauna e suas interações com a flora.
O trabalho de recuperação de matas ciliares é urgente. Todo esforço e estudo são importantes para a melhoria da qualidade ambiental e da vida como um todo, tanto humana como animal, vegetal ou outra.


ALGUNS PROCEDIMENTOS PARA RECUPERAÇÃO DO RIO GAMELEIRA
O Rio Gameleira encontra-se inteiramente na parte leste do município de Campo Formoso, em um vale que contorna a Serra da Jacobina. Tem sua nascente na Fazenda Santo Antonio a 24 km da cidade de Campo Formoso, com um curso de 27 km. Dentre os seus tributários destacam-se os córregos Santo Antonio, Coitezeiro, corisco e Prazeres. Une-se ao Rio Sucesso formando o Rio Água Branca que deságua no Rio Aimpim, afluente do Itapicuru-açú. Sua mata ciliar foi e continua sendo altamente impactada pelas atividades agrícolas, pecuária e extrativismo mineral. Esses impactos têm contribuído no desenvolvimento de processos de assoreamento, erosão e contaminação.

Para a recuperação da mata ciliar do Rio Gameleira será necessário, a principio, desenvolver um estudo do local. A coleta de informações se dará a partir de entrevistas. Para analisar este caso é necessária a compreensão da responsabilidade dos agentes envolvidos no processo, como empresas mineradoras, proprietários rurais, prefeitura, órgãos governamentais ligados ao meio ambiente (Secretarias, departamentos), universidades, ONGs e a sociedade como um todo. A ação desses agentes poderá construir uma dinâmica em defesa da recuperação da formação vegetal em estudo e de outras.

O objetivo do estudo é conseguir informações sobre a importância de recuperar a mata ciliar do Rio Gameleira, visando essencialmente fornecer dados para subsidiar um projeto de recuperação deste recurso florestal.

Para obtenção de dados serão realizadas entrevistas com membros das comunidades ligadas diretamente a área onde se encontra a mata ciliar do Rio Gameleira. O conhecimento local obtido será comparado ao conhecimento cientifico existente.

Serão necessários estudos referentes à botânica fitossociologia e ecologia da paisagem. Esses estudos poderão ser realizados com o apoio técnico de empresas, prefeitura, Departamento de Meio Ambiente e universidades da região mediante as parcerias que serão solicitadas.

É necessário estudar a topografia, o regime hídrico, o solo, a fertilidade natural, a presença de processos erosivos, atividades antrópicas circunvizinhas, clima, presença de pragas e capacidade de regeneração natural e o potencial econômico pôs-recuperação para orientação referente as  atividades sustentáveis que poderão ser realizadas na área.

Após o levantamento de dados bibliográficos, empíricos e técnicos será construído o documento contendo as informações que serão transmitidas para a sociedade e demais agentes interessados.

REFERÊNCIAS
ATTANÁSIO, C.M. Manual Técnico: Restauração e Monitoramento da Mata Ciliar e da reserva Legal para a Certificação Agrícola - Conservação da Biodiversidade na Cafeicultura / Cláudia Mira Attanasio - Piracicaba, SP: Imaflora, 2008.60 p.

DURING, G. & SIVEIRA, E.R.  Recomposição da mata ciliar em domínio de cerrado, Assis, SP. Scientia Florestalis,
n.56, p.135 - 144, dez,1999.

RIZZO, M.R. A recomposição da matas ciliares – Um bom exemplo que vem de Pedro Gomes (MS). Revista Eletronica da Associação dos Geografos Brasileiros, Três Lagoas - MS, V 1, n. 6, p.103 - 125, 04, nov, 2007.


CAZARRÉ, M. RECUPERAÇÃO DE MATAS CILIARES. 11, jul, 2006.
Disponível em: < http://www.engormix.com/recuperacao_matas_ciliares_p_artigos_37.htm> Acesso em 24 de dezembro de 2009.
INGÁ – INSTITUTO DE GESTÃO DAS ÁGUAS E CLIMA. Conerh aprova programa para recuperação de mata ciliar na Bahia. 02, JUN, 2009. Endereço eletrônico: endereço. Acesso.

LEANDRO, M.D & VIVEIROS, C.A.F. Mata ciliar área de reserva permanente. Linha Direta, n. 226, p. 18, maio, 2003.

LIMA, J.A. & SANTANA, D.G.; NAPPO, M.E.Comportamento inicial de espécies na revegetação de mata galeria na Fazenda Mandaguari, em Indianopolis, MG. Revista Árvore, Viçosa, V 33, n.4, jul/ago, 2009.

NUNES,F.P. & PINTO, M.T.C. Conhecimento local sobre a importância de um reflorestamento ciliar para a conservação ambiental do Alto São Francisco, Minas Gerais.Biota Neotropica. Campinas, V 7, n. 3,18, out, 2007.

REYS, P. & GALETTI, M.;MORELLATO, L.P.C.;SABINO, J. Fenologia reprodutiva e disponibilidade de frutos de espécies arbóreas em mata ciliar no rio Formoso, Mato Grosso do Sul. Revista árvore, Viçosa, V 29, n. 1, jan/fev, 2005.

SENA, C.M. Sementes florestais: Colheita, beneficiamento e armazenamento.  Natal: MMA, 2008.


Aplicabilidade do Código Florestal na Preservação da Mata Ciliar. Disponível em:  http://jus.com.br/artigos/31044/a-aplicabilidade-do-codigo-florestal-na-preservacao-da-mata-ciliar#ixzz3Q54HKSLr. Acesso em 28 de janeiro de 2014.


 * Trabalho apresentado no meu curso de especialização.

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