sábado, 13 de outubro de 2012

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUESTÃO AMBIENTAL


 


A interferência da espécie humana no meio ambiente vem desde tempos mais remotos. Na busca por melhores condições de sobrevivência passou a desmatar, queimar, plantar, produzir ferramentas e construir habitações. Isso forçou a retirada cada vez mais intensa dos recursos ambientais promovendo o desequilíbrio ambiental. De acordo com Philippi Jr (2004) essa interferência humana culminou no desenvolvimento de um sistema de relações extremamente complexo e dinâmico. Tais relações são as atividades antrópicas das sociedades humanas, representadas principalmente pela agropecuária, pela geração de energia e pelas atividades industriais, demandando um conjunto de recursos naturais, que são utilizados na forma de solo agrícola, minerais do subsolo, de recursos hídricos e florestais, e pela atmosfera.

Effting (2007) afirma que, com a urbanização e evolução da civilização, a percepção do ambiente mudou drasticamente e a natureza passou a ser entendida como "algo separado e inferior à sociedade humana", ocupando uma posição de subserviência. Para atender as necessidades humanas, foi-se desenhando uma equação desbalanceada: retirar, consumir e descartar.

Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, alicerçado na industrialização, com sua forma de produção e organização do trabalho, a mecanização da agricultura, o uso intensivo de agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades. Para esse modelo o meio ambiente é uma fonte inesgotável de riquezas a serviço do homem, sendo vigente na economia do século XX. Entretanto, na década de 1960, se intensificou a percepção da humanidade caminhar para o esgotamento, ou a inviabilização de recursos indispensáveis à sua própria sobrevivência devido à intensificação dos efeitos negativos dessa proposta de desenvolvimento. Percebe-se que as alterações ambientais antes do período da revolução industrial ocorreram de forma mais gradual e em determinados pontos, com os impactos que ocorreram nos últimos séculos a nível regional e global ocorreram impactos mais drásticos como a chuva ácida, a diminuição da camada de ozônio, o aumento do efeito estufa, resíduos tóxicos, acidentes industriais, entre outros (BRASIL, 1998; FILHO, 2000; PHILIPPI JR, 2004).

A emersão da consciência ambiental pode estar relacionada ao livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson publicado em 1962. Nele a autora faz um alerta do uso indiscriminado de produtos químicos e seus efeitos em diversos organismos. Esse livro é o marco da disseminação e a preocupação do homem com a questão ambiental no planeta. A conferência sobre a Biosfera realizada em Paris em 1968 pode ser considerada como um dos embriões para eventos ambientais posteriores (SCARDUA, 2003).

Em 1972 problemas ambientais mundiais foram debatidos na Conferência das Nações Unidas, Sobre o Ambiente Humano (CNUAH), em Estocolmo, Suécia. Um marco importante na discussão dos problemas ambientais em âmbito internacional teve como foco a ameaça ao meio ambiente natural como conseqüência do crescimento econômico e poluição industrial. Nela, criou-se um novo paradigma, à época chamado Eco-desenvolvimento. De acordo com esta nova visão de mundo, é necessária a discussão permanente sobre os modelos econômicos, suas interferências sociais e ambientais a curto e longo prazo. A expressão Eco-desenvolvimento, desde o início da década de 80, vem sendo substituída por Desenvolvimento Sustentável. Nessa conferência foi criado o Programa das Nações Unidas de meio ambiente (PNUMA), incluindo assim definitivamente a questão ambiental nas agendas governamentais mundiais. (IBAMA/MMA, 2006; FILHO, 2000; SCARDUA, 2003; PHILIPPI JR, 2004).

A postura assumida, na época, por países em desenvolvimento era em defesa ao crescimento econômico a qualquer preço, como forma de combater a pobreza, e que, segundo eles produziria melhoria da qualidade de vida. Representantes do governo brasileiro defenderam com grande veemência essa posição, chegaram a afirmar: ”Que venha a poluição, desde que as fábricas venham com ela”. A posição brasileira mudou nas décadas seguinte, e atualmente o arcabouço legal referente à proteção ambiental está alinhado aos princípios do desenvolvimento sustentável e engloba um conjunto de políticas públicas (PHILIPPI JR, 2004).

A partir dai há uma crescente regulamentação dos agentes poluidores e a criação de agências de controle por parte do governo. Esse sistema de atuação do poder público é chamado de “Comando e Controle” e começou durante o final da década de 1970 e início dos anos 80. A poluição, que até então era jogada à sociedade sem custos ao poluidor, passa a ser controlada. Empresas começam a ter que gerir suas emissões, controlando-as para não serem multadas. Com isto, tiveram que criar o que seria a semente da Gestão Ambiental Deve-se deixar claro aqui uma segunda função do poder público, o Manejo Ambiental. Dentro deste conceito encontram-se, por exemplo, as atividades tradicionalmente vinculadas a órgãos públicos executivos. Entre elas estão à administração de parques e a definição de áreas verdes, relocação de árvores, jardinagem de praças, etc. (FILHO, 2000).

Em 1987, a Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão Brundtland, lança o histórico relatório, batizado de Nosso Futuro Comum, que ressalta a importância da proteção do ambiente e do desenvolvimento sustentável. Em 1992, o Banco Mundial lança o seu relatório sobre o Desenvolvimento e o Meio Ambiente. Nesse relatório afirma-se que apesar do desequilíbrio existente entre o meio ambiente e o crescimento econômico existem formas de minimizar as disparidades encontradas, sem prejudicar o crescimento da economia. Neste mesmo ano foi realizada no Rio de Janeiro a Segunda Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, também chamada Rio-92. Desse encontro resultaram dois documentos que direcionariam as ações a serem adotadas pelos diversos países signatários dessa convenção: a Carta da Terra (também chamada Declaração do Rio) e a Agenda 21.  (FILHO, 2000; SCARDUA, 2003).

Segundo Philippi Jr. (2004) no final do século XX e começo do novo milênio, inicia o período da revolução da tecnologia da informação, que se originou e se difundiu no período histórico de reestruturação global do capitalismo. Nos últimos anos, o meio ambiente tem sido tema de exaustivas discussões devido ao intenso processo de degradação ambiental e a conseqüente decadência da qualidade de vida, tanto na cidade como no campo. Isso decorre do mau gerenciamento ambiental advindo do setor público e privado (SCHNEIDER, 2010).

Para enfrentar a questão ambiental é necessário o estabelecimento de políticas públicas integradas – sociais, econômicas, institucionais e ambientais – que busquem maior eficiência dos sistemas de gestão ambiental (SCHNEIDER, 2010; PHILIPPI JR, 2004).

Scardua (2003) afirma que apesar de os acontecimentos parecerem seguir certa ordem cronológica, a gestão ambiental propriamente dita não obedece tais fatos. Ela é marcada por avanços e retrocessos, porque sua implementação está diretamente vinculada às agendas dos governantes locais Diretrizes da gestão ambiental.

REFERÊNCIAS
 
PHILIPPI JR, Arlindo; MALHEIROS, Tadeu Fabrício; SALLES, Cíntia Philippi; SILVEIRA, Vicente Fernando. Gestão ambiental municipal: subsídios para estruturação de um sistema municipal de meio ambiente. Salvador: CRA, 2004.
 
EFFTING, Tânia Regina. Educação Ambiental nas Escolas Públicas: Realidade e Desafios. Marechal Cândido Rondon, 2007. Monografia.
FERBASA. Mineração. Disponivel em: http://www.mzweb.com.br/ferbasa/web/conteudo_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=23317. Acesso em 12.08.2010.
 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Temas Transversais: Meio Ambiente.  Ministério da Educação/ Secretaria de Ensino Fundamental- Brasília: MEC/SEF, 1998.
 
FILHO, José Carlos Lázaro da Silva. Gestão Ambiental Municipal: O caso da Prefeitura de Porto Alegre. Porto Alegre, 2000.
 
SCARDUA, Fernando Paiva. Governabilidade e descentralização da gestão ambiental no Brasil, 234 p., 297 mm, (UnBCDS, Doutor, Política e Gestão Ambiental, 2003). Tese de Doutorado – Universidade de Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável.
 
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DE RECURSOS RENOVÁVEIS.  Programa Nacional de capacitação de Gestores Ambientais. Cadernos de Formação Volume 1: Política Nacional de Meio Ambiente. Volume 2: Como estruturar o Sistema Municipal de Meio Ambiente. / Ministério do Meio Ambiente- Brasília: MMA, 2006. 
 
SCHNEIDER, Evania. Gestão ambiental municipal. Preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Acesso em 13 de julho de 2010. Disponível em:

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